Educador: é preciso ter medo da tecnologia?*

A escola e o professor são bases do desenvolvimento social, intelectual e cultural no início da nossa formação. Sabemos, porém, que esses três elementos estão sujeitos a mudanças com o decorrer do tempo. Não se pode ensinar com as mesmas metodologias de dez anos atrás. Estamos mudando constantemente e o professor deve aprimorar seu conhecimento, abrangendo as teorias, as tecnologias, e outros fatores que movem a educação.

Já falei diversas vezes sobre como as ferramentas tecnológicas podem facilitar o trabalho dentro e fora das escolas. Entretanto, isso não quer dizer que essa facilidade seja vista por todos com bons olhos, pois, há alguns profissionais da área de educação, principalmente professores, ainda não aceitam as novas tecnologias como instrumento transformador na sua prática pedagógica.

Essa rejeição acontece, muitas vezes, por causa da falta de conhecimento dos próprios educadores, sobre como utilizar as tecnologias para adquirir praticidade no processo de ensino e aprendizagem. E agora, entramos no conflito de muitos professores: o medo do novo. Medo de ser substituído pelas novas tecnologias e pela facilidade de acesso à informação causada por ela. Há 20 anos, as escolas e professores eram extremamente teóricos e o ensino era mecanicista. A função desse educador do passado como passador somente de conteúdo realmente já não tem mais espaço no atual contexto. Aquele professor cuja metodologia de hoje ainda é a mesma de antigamente, pode ser facilmente substituído pelos computadores, com grande vantagem para o aluno e a sociedade.

É preciso aceitar as mudanças e fazer da tecnologia uma aliada. O papel do professor continua sendo importante para filtrar a grande quantidade de informação e transmitir o conhecimento de maneira adequada para os alunos e principalmente ser o mentor do aluno mostrando as diversas formas de como aprender.

Censos educacionais realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) apontam que a maioria das escolas públicas já tem à sua disposição uma série de tecnologias. No entanto, a presença dessas ferramentas não significa necessariamente o uso adequado delas. A verdade é que, a maioria dos educadores, não foi instruída para usar tecnologias digitais em sala e, os que ainda estão em graduação também não estão sendo devidamente preparados.O principal argumento dos próprios professores para explicar essa dificuldade dessa inserção em sala é o medo de não conseguir dominar os recursos tecnológicos.

Na Colômbia também, um projeto desenvolvido pelo Ministério de Comunicação, doou 140 mil computadores a seis mil escolas, envolvendo 2 milhões de alunos e 83 mil professores. Uma pesquisa que comparou as escolas que receberam os computadores com outras que não fizeram parte do projeto, apontou que não foram identificados diferenças no nível de aprendizado dos alunos. O que nos mostra que nem sempre o problema é a ausência dos recursos tecnológicos. É uma deficiência na formação inicial dos professores, pois as faculdades de educação das universidades não ensinam sobre inovação pedagógica.

Além da falta do incentivo correto, essa ausência de conhecimento é também uma questão de mentalidade. É o fenômeno do gap geracional: os professores não nasceram digitalizados, enquanto seus alunos, sim. Existe uma resistência natural para aderir às mudanças e adaptar os métodos tradicionais de ensino ao novo contexto.

* Por Marcos Abellón, diretor geral da W5 Solutions que criou o Q2L – ferramenta multiplataforma de aprendizado, que utiliza conceitos de gamification para apresentar seu conteúdo ao aluno/jogador e tem disponível: os idiomas inglês e espanhol, além das disciplinas do Ensino Médio. Mais informações em: www.q2l.com.br

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