Vale a pena investir em um aparelho 5G hoje?*

As redes 5G são o próximo passo rumo ao futuro da tecnologia de comunicação móvel. A quinta geração de redes celulares será capaz de revolucionar conexões e transferência de dados oferecendo principalmente altas velocidades (mais de 20 vezes mais rápida que a 4G) e baixa latência.

Desempenho superior e eficiência que com certeza vão capacitar experiências disruptivas para os usuários, conectando também novos setores. Imagine bilhões de dispositivos conectados coletando e compartilhando informações em tempo real para reduzir acidentes rodoviários, aplicativos que salvam vidas e linhas de produção tão preditivas que podem evitar interrupções bem antes que elas ocorram.

As possibilidades da sua utilização são praticamente ilimitadas! Todo esse cenário futurista é capaz de levar os entusiastas de tecnologia simplesmente à loucura despertando a vontade de já garantir um aparelho que suporte o 5G.

E, aos poucos, a adoção da nova tecnologia começa a acontecer em todo o mundo. Um estudo da Ericsson do ano passado revelou que até o final de 2020 cerca de 1 bilhão de pessoas já teriam acesso à cobertura 5G. A evolução será exponencial e, em 2026, quatro em cada dez assinaturas de celular serão 5G. Como pode ver, isso não ocorrerá da noite para o dia. Isso leva algum tempo como ocorreu no passado recente com as antigas gerações.

Um levantamento do Gartner apontou que, em todo o mundo, um entre cada três smartphones comercializados em 2021 terá suporte para a tecnologia 5G. Isso deve significar uma alta de 11,4% nas vendas em comparação a 2020.

Aqui no Brasil o leilão das frequências continua indefinido, se desenrolando em capítulos como uma novela bem longe do desfecho final. Em setembro do ano passado Fábio Faria, ministro das Comunicações, declarou que ele aconteceria entre abril e maio de 2021. Já em dezembro a data foi corrigida pela Anatel para o final do primeiro semestre.

Será o maior leilão de direito de uso de radiofrequência da história do Brasil, segundo a Anatel. E eu digo mais: será a maior oferta pública de 5G do mundo.

O mercado brasileiro, desde o ano passado, começou a receber os primeiros lançamentos de smartphones: Motorola, Apple e Samsung já possuem mais de um aparelho compatível. Mas será que vale a pena antecipar a compra e já garantir um celular pronto para a quinta geração?

Apesar de todo o hype em cima do assunto, acredito que ainda não seja o momento de investir em um novo equipamento só porque ele tem 5G. A questão é que, hoje, são poucos os locais aqui no Brasil onde é possível ter acesso à tecnologia. E, para ser sincero, nem é o 5G que todos esperam utilizar de verdade na maioria dos locais aonde esta começando a acontecer.

É o chamado 5G DSS, uma tecnologia que permite o compartilhamento das frequências do 4G e 4.5G com quem tem um aparelho 5G. Não é a experiência total do 5G, mas sim uma velocidade um pouco maior e a latência menor ao se comparar com o 4G.

Outra questão é que, mesmo que você tenha um aparelho 5G e viaje para fora do Brasil, a experiência não será tão espetacular. O motivo: nem todos os dispositivos estão realmente prontos para usufruírem 100% da experiência.

Esse parece ser um segredo, que poucas pessoas sabem. Apenas os smartphones que suportam as mmWave (Milimiter Wave) serão capazes de ‘captar’ as ondas de frequências extremamente altas, entre 24 e 60 GHz. As ondas milimétricas são a razão da grande velocidade de conexão do 5G. E, hoje, somente o iPhone 12 é compatível.

A previsão é que a nova geração de conectividade seja implantada, de fato, apenas em 2022 e 2023. Até lá com certeza o alto investimento feito terá sido desvalorizado e novos aparelhos que realmente sejam funcionais (e mais acessíveis) terão sido lançados. Você já tinha parado para pensar nisso?

* por João Moretti, consultor na área de tecnologia, CEO da Moretti Soluções Digitais, presidente da ABIDs e fundador e sócio das startups AgregaTech, AgregaLog, Rodobank, Paybi e outros.