Como a tecnologia sobreviveu à Covid-19?

O ano de 2020 foi complicado para muitas áreas e empresas. O desemprego cresceu e, apenas no mês de outubro, foi de 14,1%, a maior taxa desde o início da pandemia, segundo o IBGE. O PIB (Produto Interno Bruto) também deve retrair 4,6% segundo a agência de classificação Fitch Ratings.

Os grandes motivadores foram, principalmente, o isolamento social e a restrição de funcionamento de muitas empresas e comércios no primeiro semestre.

Porém não podemos dizer que foi ruim para todas as empresas. Quem lida com equipamentos de proteção pessoal (principalmente máscaras e luvas) viu os pedidos aumentarem exponencialmente.

Outro setor que teve também crescimento na demanda foi o de Tecnologia, composto por empresas de todos os tamanhos que fabricam e/ou implementam sistemas dos mais diversos tipos, como os em nuvem.Fundamentais para apoiar a transição principalmente do escritório para o home office, o armazenamento baseado em nuvem cresceu de 25% para 35%. Já o software empresarial na nuvem aumentou de 20% para 27%, assim como o uso da capacidade de processamento da nuvem, que passou de 16% para 23%. Os dados são do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

Claro que o desejo de ter um 2020 bem diferente não é só meu, com certeza. Mas, como dizia o meu falecido pai, “temos que aceitar o que nos é dado e fazer sempre o melhor para mudar nossa vida e o nosso futuro”.

As companhias de tecnologia não foram muito impactadas por conta da pandemia, até porque já trabalhavam no que hoje estão chamando de ‘novo normal’. Aliás, (abre parênteses) não sou muito fã deste termo.

O segmento de tecnologia é bem mais flexível do que algumas verticais centenárias como a bancária e de seguros. E os horários flexíveis, como também o trabalho home office, não foram novidade já que faziam parte da rotina de muitos desenvolvedores e arquitetos de soluções – entre outros cargos.

Uma novidade foi o aumento da procura por bons profissionais de tecnologia. Perfis que já eram difíceis de serem encontrados antes da pandemia, como certos tipos de programadores e desenvolvedores, hoje são verdadeiras ‘moscas brancas’.

Pesquisa feita pela Catho revelou, entre março e agosto de 2020, um aumento de 157% nas vagas de programador ADVPL, 144% da demanda para desenvolvedor C# e 107% para web developer. O levantamento foi feito entre março e agosto de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.

A necessidade de um mercado mais digitalizado exigiu isso, o que se traduziu na aceleração de pelo menos em 5 anos o processo de transformação digital das empresas.

A procura foi acelerada justamente pois muitas empresas ainda não tinham investido em tecnologias como cloud computing para suportar o home office, manutenção de hardware e software, acesso remoto a servidores e a melhoria do atendimento ao cliente (migração também para o home office).

A aceleração digital que estamos vivendo, que também faz parte do tal ‘novo normal’ tem sido a grande saída para várias organizações e negócios. As grandes empresas não podem depender de colaboradores juniores e precisam de profissionais experientes.

E como será 2021? Um estudo do IDC aponta que a computação em nuvem, analytics e a segurança serão as três principais áreas de investimento. Nada mais natural, já que ter acesso a sistemas e arquivos em qualquer lugar, analisar insights e prevenir-se contra ataques é tudo que as empresas mais precisam. Os orçamentos de TI deverão ser mais gordos em 42% das organizações entrevistadas. E na sua empresa, como será?

*João Moretti, consultor, palestrante de tecnologia da informação, presidente da Abids e investidor de startups AgregaLog, AgregaTech, Rodobank, Paybi e outros