Os polêmicos vazamentos de dados estão, cada vez mais, ganhando as manchetes dos jornais e deixando as pessoas assustadas. Em janeiro, foi anunciado o megavazamento que expôs dados pessoais de quase 220 milhões de brasileiros. Mais recente ainda, a PSafe revelou outro vazamento considerável: mais de 100 milhões de contas de celular estão disponíveis na deep web. Os acontecimentos potencializam ainda mais a discussão, tão importante, sobre segurança de dados no país.
Poucos dias antes dos vazamentos, muito se falou sobre a decisão do WhatsApp de compartilhar dados dos seus usuários com outras empresas. A notícia incomodou muitos usuários do aplicativo de mensagens e fez surgir até um movimento de migração para o Telegram – seu maior concorrente hoje – em busca de mais segurança.
Pesquisa da IBM mostra que o Brasil é o país mais propenso a sofrer violações de segurança: o risco é de 43% em uma empresa brasileira sofrer um ataque, muito acima de países com cultura de segurança cibernética, como Alemanha (com 14%) e Austrália (17%). O prejuízo não é pequeno: a violação de dados causa prejuízo de R$ 5,88 milhões para as empresas brasileiras. Ainda segundo a pesquisa, seis em cada 10 brasileiros afirmaram que já sofreram vazamentos de dados, ou conhecem alguém que já passou pela mesma situação.
A LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados, entrou em vigor em setembro de 2020 e foi criada para garantir que as empresas tratem com segurança as informações de seus clientes. Porém, como a fiscalização – como prevê o texto da lei – ainda não está acontecendo, os brasileiros seguem preocupados com a sua privacidade nos meios digitais.
O fato é que temos à disposição novas tecnologias que, por meio dos dados, podem impulsionar a inovação, como Inteligência Artificial, Cloud e Blockchain. No entanto, empresas que coletam, armazenam, gerenciam ou processam dados têm a obrigação de tratá-los com responsabilidade – e a LGPD deve assegurar isso. Por isso, é importante que as organizações se adequem a essa realidade e concentrem seus esforços na segurança e privacidade das informações.
Para além da lei, as empresas que tiverem a organização e a transparência em relação ao uso dos dados de seus clientes terão o diferencial necessário para se destacarem no mercado e ganhar a confiança e a preferência dos consumidores/clientes.
Afinal, não dá mais para pensar em fazer qualquer tipo de negócio sem pensar na segurança, na privacidade de dados do cliente.
Mas vale lembrar que a responsabilidade sobre a segurança das informações não é apenas das empresas e entidades. O cidadão comum deve estar atento e saber evitar situações que coloquem seus dados pessoais em risco. Afinal, estamos diariamente transferindo dados pessoais e é muito importante termos o controle sobre eles, evitando acessos, compartilhamento e usos indevidos.
O consumidor precisa ficar atento e as organizações precisam de responsabilidade com a segurança de dados. Afinal, as informações são os recursos mais valiosos da atualidade e todo cuidado é pouco.
*Marcos Abellón é criador da AnnA, plataforma que conecta pessoas a sistemas por meio do WhatsApp, Telegram e Messenger. Mais informações em https://anna.center/