O protagonismo das mulheres na tecnologia

Se hoje nós utilizamos o Wi-Fi, isso só é possível porque lá atrás, na década de 30, a atriz Hedy Lamarr desenvolveu a base para essa comunicação. Aliás, a própria programação existe porque a matemática Ada Lovelace, na Universidade de Londres, fez com que uma máquina calculasse valores de funções matemáticas por meio de algoritmos desenvolvidos por ela.

Mas, por que estou aqui falando disso? Exatamente porque vocês, mulheres, têm (e sempre tiveram) qualidades de sobra para atuar — também — na tecnologia!

Meu papel ao longo deste artigo é reafirmar algo já bastante conhecido, mas que muitas vezes acaba por ser pouco enfatizado: mulheres têm capacidade técnica e intelectual de sobra para liderar cargos na área de tecnologia. Ouso dizer que, além de terem as mesmas qualidades técnicas que muitos homens, possuem como diferencial diversas outras soft skills.

Como, por exemplo, ótima comunicação, facilidade em lidar com pessoas, visão ampliada e sistematizada para entender o problema de fato, criatividade, organização, planejamento, atenção aos detalhes, disciplina… Poderia passar horas elencando características femininas únicas e imprescindíveis para executar um excelente trabalho. E, por que não, liderar uma equipe de tecnologia com primazia.

Levantei esses pontos porque, apesar de ter certeza da capacidade e competência das mulheres, infelizmente o número de profissionais nesta área ainda é baixo. Segundo pesquisa, somente 25% da força de trabalho nas empresas de tecnologia parte de mulheres.

Ou seja, apesar de estar presente de forma massiva no uso de aplicativos, redes sociais e dispositivos digitais, o público feminino ainda não atua com a potência que deveria na produção de tecnologia.

Mulheres brasileiras referências em tecnologia

Portanto, é preciso derrubar de uma vez por todas este estereótipo de que a área de TI é majoritariamente masculina. Como disse há pouco, são diversas as inspirações femininas a serem seguidas nesta área.

No Brasil, por exemplo, posso citar a Cláudia Maria Bauzer Medeiros, Engenheira eletrotécnica, doutora em Ciência da Computação, pesquisadora, comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

Além de diversos reconhecimentos internacionais (inclusive por fomentar a participação de mulheres na área de tecnologia), ela é fundadora do Laboratory of Information Systems (LIS) da Unicamp.

Menciono ainda Dilma Menezes da Silva, Cientista com Ph.D em Ciência da Computação pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia, em Atlanta. Conhecida por seu trabalho sobre computação em nuvem, ela é um dos destaques no comando do grupo de pesquisa avançada de Sistemas Operacionais da IBM, em Nova Iorque.

E o que elas têm em comum? A luta para mostrar que, sim, as mulheres são tão ou mais capazes de atuar com tecnologia do que os homens.

Diferenciais das mulheres na tecnologia

Aliás, certamente não exagero ao afirmar que mulheres são muito criativas e observadoras, algo que na área de TI é um diferencial e tanto. Flexibilidade, inclusive, também é uma característica feminina, assim como a tolerância. Portanto, estão mais dispostas a aprender algo novo e, por que não, mudar de opinião se assim for mais agregador.

E, claro, não poderia deixar de fora toda a questão da organização feminina. Um estudo europeu chegou à conclusão de que equipes de TI com mais mulheres tendem a otimizar a comunicação. Este mesmo estudo ressalta o fato de que as mulheres aumentam a eficiência e a qualidade organizacional das equipes, em especial na área de TI.

A média mundial de mulheres ocupando cargos de alta tecnologia ainda é muito pequena, cerca de 11%. No entanto, na América Latina esse número sobe para 16%.

E antes de finalizar o artigo, quero fazer uma homenagem a todas as mulheres que fazem ou fizeram parte da minha vida pessoal e profissional. Com certeza eu aprendi e aprendo muito com todas elas e acredito no potencial feminino em qualquer área.

Diante de tudo isso, deixo o convite para que todos, independentemente do gênero (e em especial que ocupem cargos de tomada de decisão) sejamos agentes desta transformação necessária. É o momento de mudar de uma vez por todas este estigma de que a TI é um mercado exclusivo dos homens. Afinal, ele definitivamente não é!

*João Moretti é consultor na área de tecnologia, CEO da Moretti Soluções Digitais, presidente da ABIDs e fundador e sócio das startups AgregaTech, AgregaLog, Rodobank, Paybi e outros. Mais informações no linkedin.