Meus pedidos para 2021

No finalzinho do ano que acabou, tive uma conversa séria com o papai Noel: queria deixar claro quais eram os meus pedidos para 2021.

– Papai Noel, esse ano eu fui uma boa menina então eu queria te pedir umas coisinhas…Muita saúde, bastante amor e um pouquinho de dinheiro, pode ser?

– Pode sim, só que pra esse presente chegar eu preciso de uma ajuda sua. Você está

disposta a fazer a sua parte?

Você pode estar achando estranho que eu esteja falando sobre uma conversa que tive com o bom velhinho. Acontece que, se você for como eu e estiver – depois desse 2020 difícil que tivemos – precisando exatamente dessas coisas que eu pedi, então fique aqui comigo mais um pouco que vou revelar o segredo do bom Noel para ter mais saúde, amor e dinheiro.

Vamos direto ao ponto: a chave para receber esses presentes, segundo o papai Noel é cultivar a felicidade.

Mas como assim? Felicidade pode trazer mais sucesso e dinheiro? E quanto ao amor ou à saúde? Será que isso faz sentido? Em geral, pensamos o contrário: buscamos saúde, amor e sucesso, e cremos que isso nos levará à felicidade. Quantas vezes ouvimos (ou dissemos) frases como: “quando eu comprar um carro eu vou ser feliz”, ou “quando eu arrumar um namorado eu serei feliz” ou “quando eu perder três quilinhos aí então eu estarei feliz”? E podemos substituir o que vem depois do “quando” nesses exemplos que eu dei por milhares de outras coisas que vão desde mudar de emprego, arrumar um trabalho ou pagar o apartamento até casar, ter uma vida mais saudável ou mais tempo com a família. O fato é que sempre associamos a felicidade à uma consequência dos nossos objetivos, não à causa deles.

Existe um campo de estudos que é chamado de ciência da felicidade. Ele nasceu da psicologia positiva, um movimento recente dentro da psicologia que se ocupa daquilo que traz bem estar para as pessoas.

Até há muito pouco tempo atrás, a psicologia era mais voltada para a patologia, ou seja, se ocupava mais das questões de doença mental do que da sanidade mental. Assim, a psicologia positiva vem para contrabalancear essa situação, focando na qualidade de vida, plenitude e felicidade dos indivíduos.

Uma das conclusões mais importantes a que os pesquisadores da psicologia positiva chegaram é a de que as nossas emoções e sentimentos afetam diretamente a nossa vida: desde a forma como interagimos com o mundo, nos relacionamentos, até a nossa aprendizagem, nosso crescimento pessoal e profissional.

Pode parecer óbvio, mas isso traz uma consequência muito relevante: significa que se houver uma maneira de melhorar a forma como nos sentimos e de mudar positivamente nossas emoções, podemos ter uma vida melhor, com melhores relacionamentos e até mais sucesso profissional e financeiro.

Ou seja, o fato é que ser mais feliz pode sim gerar mais saúde, amor e dinheiro!

A ciência comprova que o nível de felicidade de um indivíduo traz resultados palpáveis nessas três áreas. Na saúde, o benefício não é apenas o mais óbvio, ligado à saúde mental. As pesquisas demonstraram que ser feliz faz bem para o coração: a felicidade diminui a frequência cardíaca e regula a pressão arterial, o que reduz significativamente o risco de doenças cardiovasculares.

A felicidade também fortalece o sistema imunológico (o que, nesse momento que estamos vivendo, é extremamente bem-vindo): num experimento realizado recentemente, depois de serem contaminadas com vírus da gripe, pessoas rabugentas foram as mais propensas a desenvolver a doença e aquelas que experienciavam mais emoções positivas ficaram mais saudáveis – mesmo sendo expostas à mesma carga viral. Num outro estudo, desenvolvido com a vacina da hepatite B, as pessoas mais felizes tiveram uma resposta de anticorpos à vacina quase duas vezes mais alta que os demais, o que é um indicador de um sistema imunológico mais robusto.

Além disso, níveis mais altos de felicidade combatem o estresse – que pode desencadear mudanças biológicas e hormonais e provocar uma série de enfermidades. Um experimento indicou que pessoas felizes têm níveis até 23% mais baixos de cortisol no organismo, hormônio que está diretamente relacionado com o estresse. A felicidade, ademais de tudo isso, está relacionada com a longevidade: estudos evidenciam que pessoas que apresentam mais emoções positivas têm uma expectativa de vida maior que a média da população.

Sobre o amor – e aqui não estou falando apenas a respeito do amor romântico, mas também sobre a família, os amigos e o parceiro (ou parceira): quem é feliz vive relacionamentos melhores. Isso porque a felicidade libera componentes neuroquímicos que fazem com que as pessoas se conectem mais e fiquem mais satisfeitas com as suas relações. Em geral, quem se considera feliz tem uma coisa muito importante para o amor: positividade. Ver o lado bom da vida. Quem só olha para as coisas ruins, tem uma tendência muito maior a criticar o outro, já quem tem um olhar mais positivo vê o outro com muito mais compaixão.

Outros comportamentos geralmente relacionados com gente feliz, como a empatia (que é a capacidade de entender os sentimentos do outro e se colocar no seu lugar), tornam toda a comunicação melhor, o entendimento mais possível e consequentemente geram uma maior conexão. E isso vale para o marido ou a esposa, o namorado ou namorada, mas igualmente para a família, ou mesmo para alguém do trabalho – esse tipo de conduta gera melhores relacionamentos em todas as áreas da vida.

Felicidade é também uma medida da inteligência emocional de um indivíduo, em todos os seus pilares: autoconhecimento e autocontrole emocional, automotivação (até porque, esse olhar mais positivo para o mundo faz com que a pessoa consiga ver muito mais motivos para realizar aquilo que deseja), entendimento das emoções do outro (já falamos sobre a importância da empatia) e habilidade em lidar com as emoções nas relações interpessoais. Ou seja, quanto mais feliz se é, mais inteligente a pessoa será.

E quanto ao dinheiro? O nosso dinheiro vem do nosso sucesso profissional. E o sucesso está intimamente relacionado com a felicidade. Caramba, o sucesso também?? Sim, pesquisas realizadas nos últimos dez anos sugerem que as características atreladas às pessoas felizes – emoções positivas como entusiasmo, otimismo e serenidade – promovem resultados positivos no ambiente de trabalho.

Por que isso ocorre? Em primeiro lugar, porque pessoas mais felizes estão mais satisfeitas com seus empregos. Como consequência, elas se engajam mais com o seu trabalho e acabam performando melhor. Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia identificou que trabalhadores felizes são, em média, 31% mais produtivos, três vezes mais criativos e vendem 37% a mais em comparação com outros.

Além disso, eles recebem um maior suporte dos seus colegas de trabalho e têm melhores avaliações de performance. Aqui, algumas pesquisas revelam que os seres humanos são em parte influenciados pelo que os pesquisadores chamam de “efeito auréola” – que é quando a avaliação positiva de uma parte resulta numa avaliação positiva do todo. No caso da felicidade, por exemplo, ficou comprovado que quando outras pessoas avaliam alguém como “feliz” (o que seria a avaliação de uma parte ou de um critério), elas têm a tendência a expandir essa avaliação positiva para outras áreas (como a competência profissional). Dessa forma, teríamos uma opinião mais ou menos assim: “A Juliana é tão feliz, ela deve ser ótima no seu trabalho também”.

Ou seja, por tudo isso que coloquei aqui, aumentar nosso nível de felicidade parece ser o primeiro passo para atingir nossos objetivos. Ser feliz não tem contraindicações e traz inúmeros benefícios.

É por tudo isso que eu resolvi fazer o que o papai Noel me recomendou e tentar ser mais feliz nesse ano que se inicia. Afinal, parece que ele acompanhou as pesquisas feitas no último século sobre felicidade e seus efeitos na nossa vida e está na vanguarda do conhecimento!

Claro que nesse cenário complexo que vamos todos enfrentar em 2021 essa tarefa não vai ser fácil, mas é importante termos esse lembrete e mantermos sempre em mente o que vamos ganhar deixando de lado o mal humor e a negatividade e abraçando a felicidade. Sendo assim, eu recomendo que você salve ou imprima esse artigo e volte a ele toda vez que o desânimo te alcançar. Desse modo você renovará o seu compromisso com seus objetivos e refrescará o entendimento das vantagens de tentar sempre ser feliz.

Um FELIZ ano novo para você, repleto de conquistas e cheio de saúde, amor e sucesso.

 Por Ju Ferreira, palestrante e mentora, criadora da metodologia Alquimia Pessoal, executiva de uma empresa de TI há 17 ano