Sempre ouvimos que a vida passa rápido como um sopro. Deixando os clichês de lado, estou próximo de completar meus 47 anos e, de fato, olho para trás e vejo como nossa jornada realmente vai se desenrolando em um piscar de olhos.
Nesses anos de vida, durante a minha própria jornada, passei por grandes alegrias, momentos de felicidade e também de problemas e tristeza. No mundo empresarial, nos últimos 30 anos, tive a sorte de trabalhar com várias empresas, cada uma com seu charme, seus desafios e seus deleites.
Vivenciei diversas situações inusitadas, que nem de longe lembram os livros de TGA da minha graduação e muito menos os de RH e Marketing da minha pós-graduação. A vida real e tão distante desses livros, que só mesmo contando todos os “causos” seria possível entender o peso que damos às coisas e importância momentânea de cada situação vivida.
Parece que se você não tomar a melhor decisão naquele momento, “cabeças rolarão!” como dizia minha professora Berenice, ainda no Ensino Fundamental.
A intensidade e a importância que damos aos fatos nesses momentos não deveriam ser relevantes se considerarmos a jornada de toda uma vida. Porém, vejo que viver nossa jornada intensamente faz com que cresçamos e tomemos decisões melhores a cada dia. Afinal, é preciso realmente viver cada situação imposta pela vida, provar o doce e o veneno, para conhecer todos os sabores e conhecer as consequências.
O ano de 2020 já começou repleto de desafios de mercado e corporativos. Pensei que seria um ano animado e que já tinha vivido um pouco de tudo nesta vida, mas quando chegou março: BUM! Os dias se tornaram pura ficção científica.
O que é ir ao mercado vestido de astronauta?
O que é trabalhar sem ir ao escritório?
O que é não poder tomar um café com um amigo?
As pessoas te olharem feio enquanto caminha na rua com o seu cachorro?
Estar proibido de sair de casa e de viajar com sua cara metade?
Que loucura!
Mas o fato é que a gente se acostuma com tudo:
Aluguei uma bike pra pedalar na varanda – pura mentira usei 5 vezes.
Arrumava qualquer desculpa pra ir no mercado ou na farmácia – os “pecados permitidos” do momento.
No trabalho, veio uma avalanche de reuniões virtuais até conseguir estabelecer a nova ordem, à distância. E não é que funcionou?
Começaram também a febre das lives. Eu mesmo fiz umas cinco, pelo Instagram, Youtube e Facebook. No início foi até divertido, mas depois de 3 meses ninguém quer nem mais ouvir a palavra live.
E os eventos sociais? Passaram a acontecer via aplicativos de vídeo. Happy Hours, aniversários, novidades boas, notícias ruins, meditações, ginástica, e até missas virtuais de amigos que perderam a batalha para o tal Covid.
Com o passar do tempo, algumas fichas foram caindo e veio o meu restart:
De fato, preciso estar no escritório para trabalhar? Em apenas semana, ajustamos o necessário para fazer funcionar a equação do trabalho. E isso faz surgir a dúvida: Por que não fizemos isso antes? Quanto tempo da vida perdemos? Quanto recurso desperdiçado? Chega a ser absurdo pensar isso hoje.
Descobri que o simples funciona. Tomar atitudes simples e questionar processos e estruturas frente ao novo cenário, traz luz ao que realmente importa para os negócios e ajuda a trazer uma leitura enxuta sobre os processos. Nunca fazer mais com menos fez tanto sentido.
Com quem eu vou? Essa foi uma das maiores lições. Como disse Ernest Hemingway: Quem estará nas trincheiras ao teu lado? ‐ E isso importa? ‐ Mais do que a própria guerra.
Em grandes tempestades, precisamos ter confiança entre os tripulantes. Afinal, se algo nesta cadeia falha, o barco vira.
Estes tempos difíceis que ainda vivemos nos trarão outro modo de encarar a vida e o trabalho – com a mesma seriedade ou mais – porém a distância, mais perto dos seus, de forma mais clara, objetiva e, principalmente, com uma tripulação de confiança.
Eu estou pronto para o meu restart, e você?
*Luiz Alexandre Castanha é especialista em Gestão de Conhecimento e Tecnologias Educacionais. Mais informações em https://alexandrecastanha.wordpress.com/