*por Virginia Planet, sócia-fundadora da House of Feelings – primeira escola de sentimentos do mundo – www.houseoffeelings.com
Quando a pandemia começou havia duas grandes preocupações para os gestores: lidar com demissões e proteger os colaboradores dos riscos de contaminação.
Foram 1,5 milhão de trabalhadores formais demitidos em março e abril deste ano, segundo reportagem da Folha. Uma outra pesquisa realizada pelo Google em parceria com a MindMiners mostra que 56% dos brasileiros tiveram queda de renda durante a pandemia. Nós inclusive escrevemos um post sobre os efeitos da pandemia nas emoções e como as empresas podem lidar com isso.
Por conta disso, muitos estão precisando encontrar apoio emocional para seguir em frente. Para quem continuou empregado, surge o desafio de realinhar propósitos e encontrar novas formas de manter a motivação. Para quem, infelizmente, foi desligado, sobrou a dura missão de ter que lidar com sentimentos como raiva e frustração. Ao mesmo tempo foi preciso reunir forças para tentar se recolocar em um mercado totalmente abatido pela crise.
Em ambos os casos, o cenário era de “terra arrasada” e a partir de agora a maioria das empresas está se reerguendo aos poucos, em um processo de reestruturação que poderá demorar meses (ou até anos).
A boa notícia é saber que, muito provavelmente, o pior já passou. Semana a semana, estamos observando pequenas melhoras na economia: os índices apontam que o PIB de julho e agosto já aponta para a retomada. E já existe, inclusive uma portaria do governo que permite fazer a recontratação de ex-colaboradores.
Diante da possibilidade de recuperar as atividades de trabalho, muitos já pensam em recontratar. Mas afinal, como fazer isso neste novo (e incerto) mercado de trabalho?
Ao pensar em retomar as posições de trabalho perdidas, o primeiro item da lista certamente será avaliar a possibilidade de recontratar um ex-colaborador. Vale pensar, é claro, no contexto no qual a demissão foi realizada e quais as expectativas tanto da empresa quanto do ex-colaborador em relação a uma possível volta. A principal vantagem é poder encurtar o tempo do processo seletivo e economizar recursos de contratação, já que, provavelmente não serão necessários executar avaliações técnicas ou entrevistas. O pessoal da Gupy, uma empresa de tecnologia em contratação, tem um passo a passo completo sobre recontratação de ex-colaboradores, indico a leitura aqui.
Pensando no contexto do estresse emocional vivido durante a pandemia, uma outra dica é criar um novo treinamento de onboarding que possa incluir temas como prevenção contra o absenteísmo e o burnout, por exemplo. Aí já entramos na terceira dica que é promover encontros individuais e a nível de gestão com o objetivo específico de falar sobre sentimentos, ressentimentos e novas expectativas. Este momento é uma oportunidade para que todos encontrem formas criativas de trabalhar presencial ou remotamente e possam ir restabelecendo a confiança em si mesmos e na própria empresa.
Além disso, existe uma grande chance de promover uma mudança estrutural nestas equipes. Por isso a quarta dica é exatamente aproveitar a recontratação ou a chegada de novos colaboradores para redesenhar o propósito da empresa para que fique alinhado ao “novo normal”. Quais foram as mudanças impostas pela pandemia à sua empresa? O que vocês aprenderam com elas? Como vocês poderão usar essas mudanças de forma estratégica no mercado onde atuam? Aqui vai ser uma ótima chance de criar grupos colaborativos para co-criarem a empresa que vocês desejam para os próximos meses.
A quinta e última dica é: aproveite o período de recontratação para fortalecer a Comunicação Não-Violenta na sua empresa. Todos os líderes e colaboradores precisam readequar a forma como interagem entre si, pois daqui para frente, precisaremos nos apoiar uns aos outros se quisermos sobreviver enquanto marca. Se necessário, aplique um treinamento específico sobre CNV na sua empresa e inclua este item como essencial nas pesquisas de avaliação de líderes ou de desempenho. Aos poucos a cultura da Comunicação Não-Violenta vai impactar a rotina das reuniões, dos encontros e das conversas no chat ou e-mail gerando um ciclo positivo de gentileza que gera gentileza.
Acima de tudo, esteja preparado para ouvir, ouvir e ouvir durante a recontratação. Longe de ser um processo fácil, este será um dos momentos mais complexos que a sua empresa poderá viver. Mas, a boa notícia é que as cicatrizes estão se fechando e dando lugar a um suspiro de esperança. Se você precisa de ajuda durante esta jornada, saiba que nós, da House of Feelings estamos disponíveis para apoiar sua equipe em cada etapa da retomada. Desejamos boa sorte e que comece o ‘novo normal’!