Se as dívidas estão te sufocando e você não sabe para onde correr, a primeira dica é mantenha a calma! Uma em cada 10 pequenas e médias empresas (PMEs) tem “alta inadimplência”, com taxa acima de 10%. Já 24% indicam uma inadimplência “de baixa a considerável”, entre 3% e 10%. E outras 34% consideram ter “baixa inadimplência” em seus negócios, inferior a 3%, de acordo com a pesquisa realizada pela Boa Vista – Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), em 2013.
Se a sua empresa se enquadra em algum desses percentuais, pare! Pegue uma caneta, um papel e comece a analisar como acabar com essa situação. É preciso muita disciplina e força de vontade para sair do vermelho. Conhecer a profundidade das dívidas é a parte mais difícil, mas é essencial para darmos início a quitação delas.
Para tudo dar certo, você precisa saber qual é o lucro real do seu negócio. Faça um balanço, some o faturamento mensal e tire as despesas básicas para funcionamento (funcionários, água, luz, telefone, entre outros), o resultado será o lucro mensal da empresa. Com esse cálculo, você já terá uma base de quanto tempo levará para quitar todas as contas. O indicado é que 80% do lucro da empresa seja usado para eliminar as dívidas e o restante poupado para as situações de emergência.
Em primeiro lugar, analise desde quando e o porquê as contas começaram a atrasar. Depois, comece a anotar todas as suas dívidas, sempre dê preferência para as mais importantes para o seu negócio, ou seja, aquela pessoa ou empresa que te fornece peças chave que fazem muita falta em seu orçamento no final do mês. Com todas as pendências anotadas, some tudo e chegue a um valor total.
Agora, verifique como está o seu caixa. Vamos lá, acesse as contas dos bancos, cofres, vale até olhar embaixo dos colchões para ver se não falta acrescentar nada mesmo. Coloque tudo na ponta do lápis. Com o seu capital em mãos, é hora de negociar. Esse é o momento mais importante. Contate cada empresa em que você está com a dívida ativa e veja a possibilidade de quitá-las com descontos para pagamento à vista ou de parcelar o total dos débitos sem juros ou com taxas menores. Conversar é sempre o melhor caminho. Não fique com vergonha, faça propostas. Analise as respostas e veja se o que estão sugerindo é uma boa oportunidade de negócio. Argumente sempre. Lembre-se daquele velho ditado: quem não chora, não mama. Chore bastante, até se esgotarem as possibilidades.
Fazer empréstimo em banco ou financeiras, nem sempre é o correto. Deixe para pensar nessa opção em último caso. Se preferir optar pelo crédito, analise muito bem e com calma as taxas de juros das propostas oferecidas para ver se realmente valem a pena, para, depois, não se envolver em mais uma dívida. Uma boa escolha é criar um fundo de emergência, que é um recurso indispensável para qualquer pessoa, física ou jurídica. Poupe os 20% do seu lucro todos os meses. Economizar dinheiro nunca é um mau negócio, principalmente, quando aparece uma boa oportunidade de transação. Com dinheiro em mãos, você negocia muito melhor os preços e pode conseguir maior desconto.
Para não ter dor de cabeça no futuro, o ideal é acabar com as dívidas e se policiar para não entrar em novas. Antes de parcelar ou passar cheques, sempre faça as contas de quanto pode gastar e de quanto você já deve naquele mês. Para facilitar, crie uma planilha: separe em 12 colunas (mês) e divida cada coluna em 31 linhas (dia). Agora é o momento de mostrar a sua organização. Sempre que fizer compras parceladas, anote o valor da parcela no dia do vencimento. Assim, antes de fazer novas compras, você saberá quais os valores que já estão previstos para aquele dia/mês. Dessa forma, você conseguirá se planejar e já separar o dinheiro para quitá-las. Isso facilitará a sua vida e as suas negociações.
*Por Alejandro De Gyves, diretor para América Latina da ActionCOACH – líder mundial em business coaching para pequenas e médias empresas e a primeira franquia de coaching no Brasil.