ENEM, FUVEST chegando e todos os anos muitos jovens estão envolvidos na “missão” de escolher uma profissão.
Sabemos que nas gerações passadas, jovens iniciavam as atividades laborativas muito cedo, uns trabalhavam com a terra assim como seus pais, avós, outros seguiam o ofício escolhido pelos pais, geralmente ofício este que era exercido de geração em geração. Alguns se realizavam profissionalmente falando e outros não.
Olhando para o hoje e refletindo sobre este tema, questiono-me será que as coisas mudaram tanto assim relativamente ao que acontecia no passado? Por que questiono, porque ainda hoje vejo jovens seguindo profissões exercidas na família, por exemplos filhos de médicos fazendo medicina, filhos de engenheiros, seguindo engenharia, assim como advogados, militares, professores etc.
Entretanto inquestionável e desafiador o fato de um adolescente, obviamente quando possível para este, escolher, abraçar uma profissão sem estar totalmente formado no sentido biológico, psíquico, emocional e longe geralmente de uma maturidade sobre si mesmo.
Sabemos que aspectos econômicos, culturais, raciais etc. dos núcleos familiares influenciam diretamente nas possibilidades ou impossibilidades de determinado jovem.
Jovens nascidos e vivendo em cenários de carência terão determinado impacto em suas vidas incluindo profissão, carreira, de outro lado, jovens de famílias abonadas vivenciam outros tipos de impactos diferentes, mas ao final todos sofrem. Existem exceções para ambos os lados, mas esses impactos incidem em uma massa quantitativa e de maneira significativa gerando consequências importantes nas vidas dos mesmos e isso segue de geração em geração.
Vejo muitos da minha geração X, por conta dos valores que temos, conseguir propiciar condições interessantes e favoráveis para os filhos, condições estas que sequer tiveram para si próprios, a exemplo dos filhos estudarem em escolas bilingues com acesso para universidades no exterior. Estes acabam por ter uma postura mais globalizada, com um olhar sem limites e fronteiras; algo não muito vivenciado tempos atrás. Antigamente, no Brasil colônia, o que ocorria era alguém com condições econômicas estudar em Portugal ou outro país, voltar e fazer a vida aqui de uma maneira valorizada para os demais que não tinham esta mesma possibilidade, mas nada igual aos jovens mencionados. Para estes jovens de hoje falar com alguém nos Estados Unidos, na Polonia, no Japão é algo habitual, as fronteiras parecem invisíveis ou mesmo inexistir.
Não obstante a esse impulso favorável acima referido, onde o “céu é o limite “para referidos jovens privilegiados, assim como em todas as épocas vividas, há os prós e os contras em tudo.
A iniciar pelo sistema educacional brasileiro que lança o jovem adolescente a enfrentar uma das decisões mais importantes e impactantes de sua vida precocemente e num momento em que muitos deles estão em uma crise de identidade normal de sua idade, com dúvidas a respeito de si e do que querem.
Assim, diante das dificuldades naturais para a escolha de uma profissão importante o jovem atentar-se para a importância de um autoconhecimento sobre suas potencialidades, uma visão clara de qual é a real expectativa que a família tem em relação a ele profissionalmente falando; e saber separar o que de fato é dele e o que é da família, seguindo, de preferência, o que seja bom para ele. Importante também é conhecer o enorme leque de profissões que existem hoje, diferentemente de anos atrás em que só se falava de Medicina, Engenharia e Direito.
Quanto ao autoconhecimento sabemos que para todos nós, trata-se de trabalho para uma vida inteira e nem todos enxergam a grande importância disso, imagine para os jovens? Aqui o importante e na medida que eles conseguem é tentar entender o que eles têm de talentos naturais, o que gostam e o que não gostam em termos de temas, atividades que fazem eventualmente uma ponte com uma eventual profissão. Se tiverem um pouco desse entendimento, ajuda muito a escolha.
A influência da família neste contexto da escolha de profissão para o jovem é algo também inquestionável; porém se o jovem tiver a estrutura necessária para separar o que é dele (a) do que é dos familiares, mais “pura” será a escolha da profissão .
Existem aspectos que deveriam ser bem compreendidos e são vários quando se trata de família, e que podem trazer impactos não muito positivos no decorrer da vida de um individuo, um exemplo que acontece e vários de nós já viu , são aqueles pais frustrados que querem se realizar por meio dos filhos ( pais que queriam ser médicos e não foram, pressionam filhos para fazer medicina, mãe que queria ser pianista e quer que o filho siga a carreira de músico e muitos exemplo existem).
Dada a enorme quantidade de possibilidades de profissões que existem na atualidade, pesquisar bastante àquelas que estão no alvo do jovem é de grande valia, outro ponto importante seria viabilizar entrevistas e conversas com quem já atua na profissão, isso tudo vai trazendo concretude ao que estava somente no campo do achismo e das ideias a fim de apoiar a escolha da profissão, que seja gratificante, que trará propósito e motivação.
Por fim, se estiver muito difícil a tomada de uma decisão, a escolha em si de uma profissão, buscar bons profissionais para apoiar o jovem a trazer clareza e entendimento sobre a futura atividade é medida muito adequada. Um processo de desenvolvimento e carreira, trata-se de um presente que os pais dão aos filhos e que muito geralmente traz resultados excelentes, pois o adolescente separa um tempo para pensar em aspectos, que sozinho, muito provavelmente não o faria.
Na sociedade em que vivemos, e a estrutura do mercado de trabalho, mesmo pós pandemia com a inclusão mais significativa do modelo híbrido, inegável que grande parte do tempo de vida das pessoas é tomado pelo trabalho, assim é de total relevância fazer escolhas que tragam significado, alegria para o bem viver por muitos e muitos anos.
* por Viviane Gago, advogada e consteladora pelo Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ/USP) com parceria do Instituto Evoluir e ProSer e facilitadora pela Viviane Gago Desenvolvimento Humano. Mais informações no site