Investimento em capacitação e a diminuição do turnover

Entre muitos desafios corporativos, o turnover é ainda um dos que gera maior preocupação nas empresas. Mesmo que a demanda por profissionais seja menor que a oferta de candidatos, ainda assim o processo de contratação e treinamento é demorado e pode exigir muitos recursos da organização quando acontece em grande escala.
 

No ano passado, o Guia Salarial da Hays (consultoria de recrutamento para média e alta gerência) trouxe um panorama de como os benefícios têm sido valorizados pelas organizações. Segundo o levantamento, entre as 700 empresas entrevistadas, 94,5% dos empregadores consideram os benefícios não salariais uma ferramenta importante para contratar e segurar funcionários. Devido ao crescimento da necessidade de capacitação profissional, os investimentos em bolsas ou auxílios para estudos também cresceram. 49,6% dos contratantes oferecem suporte para cursos de idiomas, principalmente porque 98,8% deles acreditam que a fluência no inglês é um grande diferencial.

Observo que há muito tempo o perfil dos profissionais está se transformando. Acredito que isso se deve principalmente às mudanças de geração e de valores, que comumente acontecem com o passar dos anos. Os jovens já não buscam apenas empresas que ofereçam bons salários. O reconhecimento e a preocupação com o seu crescimento profissional também acabam pesando na hora de optar por uma vaga. A pesquisa da Hays também fala sobre isso e aponta que apenas 20% dos candidatos estão interessados no valor dos salários. 90% deles valorizam mais os recursos não financeiros. Por isso, o investimento em benefícios que tornem tangíveis essa visão mais macro sobre o trabalho pode ajudar na retenção de talentos. O fato é que algumas empresas ainda têm dúvidas sobre isso: Quais são os benefícios que melhor se encaixam no perfil dos profissionais da minha empresa?

Primeiro, é necessário ter bem claro o perfil da sua empresa e do seu público interno. Por exemplo, se a sua empresa é formada majoritariamente por colaboradores mais velhos e com grande bagagem mercadológica, não vai ser útil oferecer auxílio graduação, porque é provável que a maioria já tenha concluído. É importante observar quais são as aspirações e o que realmente se encaixa nas necessidades dos profissionais.

Costumo dizer também que a empresa deve levar em consideração que profissionais capacitados refletem em melhores resultados. Por exemplo, se a organização tem contato com clientes ou parceiros no exterior é fundamental que tenha profissionais habilitados para manter o relacionamento com eles. Um curso de idiomas seria então uma boa opção de benefício, pois alia o incentivo a melhores resultados. O mesmo vale para um curso de especialização. Em muitos casos compensa investir em treinamento e capacitação para alguns profissionais que já conhecem a empresa e suas atividades.

Após decidir quais os benefícios e para quais funcionários eles serão direcionados, é importante decidir os seus fornecedores. Muitas instituições de ensino têm cursos e pacotes voltados para empresas. É importante que elas sejam flexíveis com relação às aulas, pois os colaboradores que possuem a agenda mais ocupada podem ter dificuldades de se adaptarem a aulas ministradas em um só horário. Não deixe de procurar referências e veja quem a contrata.

Por último, porém não menos importante, analise o desempenho do colaborador na capacitação escolhida. Veja se ele realmente se interessa e se empenha na atividade proposta. Afinal, o benefício precisa ser visto como uma vantagem e diferencial da empresa, e não como um peso.

Percebo que de uns anos para cá o que antes era considerado um gasto, hoje é visto como investimento. Um profissional que se sente valorizado e ativo nas atividades diárias da organização com certeza renderá mais. É provável que esse tipo de política mais humana se estenda ainda mais com o passar dos anos. Sorte dos profissionais, que trabalham em um ambiente de trabalho mais estimulante, e da empresa, que obtêm melhores resultados. No fim todos saem ganhando.

*Lilian Simões, diretora da Essential Idiomas, consultoria brasileira especializada em idiomas para executivos.

 

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