Um professor de alfabetização sabe que de nada adianta tentar ensinar as crianças a escreverem mostrando apenas o alfabeto na lousa. É preciso, por vezes, segurar a mão do aluno com o lápis e ensiná-lo a formar cada letra. É necessário propor a experiência de escrever. Creio que, na educação as ferramentas mudam, mas a lógica de integrar o aprendiz à vivência de adquirir conhecimento é a mesma. E isso se aplica ao uso da realidade virtual, uma tecnologia que, aliada à inteligência artificial, tem ganhado espaço entre professores, escolas e universidades.
É fato que vivemos em um período produtivo na criação de recursos digitais. E, no setor, não falamos mais que eles fazem parte do “futuro”. Afinal, estamos cercados de VR – Virtual Reality e AI – Artificial Intelligence, mesmo sem sabermos. Carros, robôs assistentes pessoais, sistemas de organização de tarefas de uma empresa, equipamentos que são guiados por voz ou por sensores tecnológicos dentro de casa e até a série da Netflix que escolhemos para assistir têm sido pensados ora com realidade virtual, ora com inteligência artificial.
Não impressiona, portanto, que dispositivos de VR e a criação de potentes recursos de aprendizagem com AI tenham entrado nas salas de aula (ou mesmo durante o processo autônomo do aluno ao absorver conteúdo). Hoje, por exemplo, quem se interessa por História, pode explorar, abrindo o aplicativo King Tut no smartphone, a tumba do faraó Tutancâmon, no Egito.
Já quem estuda a vida marinha pode se valer de uma experiência de imersão feita pela companhia Hydrous, que “leva o oceano onde quer que a pessoa esteja”, para mostrar os corais de recife e os animais marinhos e, assim, conscientizar a população sobre as mudanças ambientais. “Como podemos nos preocupar com algo que não vemos?”, pergunta a organização em seu site. E esse me parece um argumento perfeito para que a realidade virtual seja cada vez mais usada na Educação: ela rompe barreiras de conhecimento que nunca antes tínhamos rompido.
Globalmente, há um movimento muito intenso de absorção dessa novidade dentro do segmento do ensino. O mesmo acontece para a inclusão de inteligência artificial. Em 2017, uma análise feita no mercado norte-americano de educação mostrou uma projeção em que, até 2021, o setor cresceria 47,5%.
Como consumidores, estamos mais acostumados a isso. Algoritmos e dados disponíveis em redes indiscutivelmente se tornaram, há algum tempo, as pegadas deixadas por nós para que as informações cheguem de forma conectada e cada vez mais refinadas ao público interessado – assim se dá, como falei, a escolha do que assistirmos no nosso momento de lazer e, ainda, quais amigos são sugeridos para adicionarmos em redes sociais, entre tantos mecanismos.
O que tenho debatido são as reais possibilidades de levarmos a AI com tanta eficiência para o campo educativo. O que nos falta para explorar em nosso cotidiano esse tipo de tecnologia?
É com ela que se eliminam processos repetitivos e gastos com estruturas físicas pouco proveitosas, ganhando espaços em ambientes totalmente virtuais. Robôs inteligentes como tutores – que, cabe dizer, não substituem os professores, mas, podem servir como multiplicadores de conteúdo – tornam o ensino um campo ainda mais enriquecedor, sistematizado e completo tanto para quem ensina quanto para quem aprende. E esses são apenas alguns dos caminhos mostrados para o uso de AI. Cabe a nós promovermos esse ajustamento necessário entre tecnologia e aprendizagem o quanto antes.