A dependência digital não está diretamente relacionada ao tempo de conexão, mas sim aos níveis de perda de controle na vida real do usuário. Depois de muito estudo e tratamento, o Instituto Delete – organização pioneira no Brasil criada dentro do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a participação de profissionais da área de Saúde, Comunicação e Tecnologia – acaba de criar as escalas para avaliação de dependentes em WhatsApp, Facebook e outras tecnologias.
As escalas são um questionário de 15 a 20 perguntas que avaliam e geram um sistema de pontuação para indicar a relação do usuário com a tecnologia.
A dependência ou perda de controle na vida real é avaliada a partir de 5 dimensões do relacionamento do usuário digital com a própria tecnologia: Excitação e Segurança, Relevância, Tolerância, Abstinência e Conflitos na Vida Real.
Para fazer o teste, basta acessar o questionário dentro do site do Instituto Delete.
No Brasil, o tema ainda é pouco explorado, mas existem clínicas especializadas em dependência digital nos Estados Unidos, Itália e Reino Unido. Estima-se que três em cada dez usuários de redes sociais tenham uma relação digital abusiva. O Instituto Delete é instituição pioneira no Brasil sobre o assunto e único centro que oferece atendimento gratuito a usuários abusivos das tecnologias.
“Alguns dos sintomas da dependência digital abusiva são ansiedade, depressão, medo de perder o controle, desprezo pelas relações na vida real, mudanças repentinas de humor, percepção alterada do tempo e perda de sono”, explica Anna Lucia King, pesquisadora e diretora do Instituto Delete.
Pesquisas indicam que falar de si gera prazer equivalente a se alimentar, ganhar dinheiro ou fazer sexo. Outro dado relevante é que em uma conversa normal, as pessoas falam de si 30% do tempo, nas redes sociais esta porcentagem aumenta para 90% e ainda há o feedback instantâneo. Contudo, esta relação gera um prazer instantâneo, não duradouro, e mais de 50% dos usuários declaram se sentir mais infelizes do que os seus amigos.
“O ato de divulgar informações sobre si mesmo ativa um sistema de recompensa do cérebro. Isso resulta em uma experiência agradável, semelhante ao que recebemos de recompensas naturais, como comida ou sexo, o que explica a popularidade das redes sociais”, explica Eduardo Guedes, pesquisador e Diretor do Instituto Delete.
Etiqueta Digital para Formar Usuários Digitais Conscientes
Além de pesquisar o assunto e oferecer tratamento para dependentes digitais, o Instituto Delete percebeu que existia uma oportunidade de transmitir o conhecimento adquirido para dentro empresas e escolas com foco em prevenção e orientações.
Com o objetivo de auxiliar escolas e empresas na orientação sobre o uso consciente dos recursos tecnológicos, o Instituto Delete oferece também palestras e programas de conscientização e capacitação interna que orientam os usuários em como ter uma relação saudável com as redes sociais, internet, celulares e outras tecnologias.
As escolas e empresas que realizam o programa recebem um certificado atestado por membros do Instituto de Psiquiatria da UFRJ com o selo de Usuário Digital Consciente.
“Com este programa mostramos que há um limite na utilização da tecnologia e temos conseguido aumentar o foco e a concentração das pessoas, melhorando o rendimento na escola e no trabalho, o relacionamento interpessoal, e otimizando o tempo. Além disso, também conseguimos benefícios como a redução do estresse, da ansiedade e do sedentarismo, e melhorias no sono”, conta Guedes.
Serviço gratuito na UFRJ para dependentes
O Instituto Delete ainda oferece atendimentos gratuitos todas as sextas-feiras, de 08:00 às 11:00, na UFRJ no campus da praia vermelha (Avenida Venceslau Brás, 71, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ). Mais informações em www.institutodelete.com
Sobre o Instituto Delete
Instituto Delete surgiu em 2008 para promover orientação e educação para o uso consciente da tecnologia nas empresas e sociedade. Único núcleo no Brasil especializado em Detox Digital e Certificação Digital, originado no Instituto Psiquiatria da UFRJ. Responsável pelas primeiras pesquisas sobre dependência de celular no Brasil dentro da UFRJ e pelas escalas de dependência de WhatsApp, Internet, Celular e Facebook. Lançaram o primeiro livro no Brasil sobre dependência tecnológica (Nomofobia). Mais informações em www.institutodelete.com