Muito se fala sobre Blockchain como um conceito novo e revolucionário, principalmente para questões financeiras. Essa é uma associação imediata, mas que não deve ser única. Na verdade, existem diversas situações em que essa tecnologia pode revolucionar o modo como atuamos na área de Educação atualmente.
Um estudo realizado pela Joint Research Centre, entidade científica que realiza estudos e fornece aconselhamento científico para as questões políticas da União Europeia, aponta diversas maneiras como o Blockchain pode revolucionar a Educação. Ele explica como a tecnologia pode, ao mesmo tempo, romper com as atuais normas institucionais e empoderar aprendizes e estudiosos. O estudo propõe oito aplicações muito interessantes do Blockchain na educação, considerando o atual estado dessa tecnologia e seu desenvolvimento.
Oito maneiras como o Blockchain pode revolucionar o setor de educação
1 – Garanta acesso aos seus certificados para sempre
Você provavelmente tem uma caixa com diplomas e certificados na sua casa. Eles dificilmente são utilizados, mas você sabe que precisa guardá-los com cuidado. Com o Blockchain, você poderia dar adeus a essa caixa. A tecnologia permite criar certificados digitais totalmente seguros, que podem ser consultados através de uma simples validação de dados. Dessa forma você tem seus diplomas e certificados sempre acessíveis e com dados 100% confiáveis.
2 – Facilite a verificação de acreditações em etapas
Além dos diplomas universitários, todos nós temos certificados de cursos, palestras, workshops, etc. Esses cursos extras não possuem um “órgão máximo” que ateste a sua validade, por isso se alguma empresa precisa verificar sua veracidade, acabe tendo que entrar em contato com a instituição que concedeu a certificação. Nesse momento, ela não está apenas verificando se o aluno realmente fez determinado curso, mas também está avaliando a idoneidade da outra instituição. Isso não é uma tarefa simples. Utilizando a tecnologia do Blockchain, seria possível confirmar todos esses dados com uma simples e rápida consulta na Internet. Mais facilidade para as instituições e também para os alunos.
3 – Reconhecimento automático e transferência de créditos
Talvez você já tenha passado por isso: no meio de uma faculdade descobre que aquela não é bem a sua vocação. Cria coragem e resolve mudar de curso. Mas aí vem a dor de cabeça: comprovar que determinadas matérias que você já cursou na faculdade de origem são equivalentes às da nova instituição.
Ou então você decide mudar de país no meio de uma graduação. Mesmo que você opte por cursar exatamente o mesmo curso, ainda terá muito trabalho para realizar a transferência desses créditos. São diversos documentos que precisam ser obtidos, transferidos, traduzidos… Em outras palavras, muita dor de cabeça. A boa notícia é que com o Blockchain é possível criar uma base unificada para a educação, que comprovaria as informações, créditos e equivalências da sua instituição de origem em poucos minutos.
4 – Passaporte de Aprendizagem para toda a vida
Quando vamos viajar, temos um documento mundial que comprova quem somos e por onde passamos. Que tal transferir o conceito do passaporte de viagens para o mundo da educação? Graças ao Blockchain, é possível criar um documento pessoal e intransferível que contenha todos os seus dados pessoais e seu histórico educacional. E o mais importante: essas informações valem em todos os países.
5 – Rastreie conteúdo intelectual e recompense o seu uso
Hoje, o trabalho intelectual no Brasil é pouco valorizado. Proteger a propriedade intelectual então, é uma das tarefas mais difíceis. Artigos publicados e até trabalhos escolares são frequentemente copiados na íntegra e apresentados como novos.
Agora imagine um sistema em que os autores pudessem publicar suas obras originais e ainda recebem uma remuneração para citações de seus conteúdos. Através do Blockchain poderíamos criar esta plataforma, incentivando o desenvolvimento de trabalho intelectual e contribuindo para o conhecimento científico do país.
6 – Receba pagamentos de alunos
Existem algumas barreiras que dificultam o pagamento dos alunos em determinadas instituições. Especialmente para aqueles que optam por um curso ou especialização e outro país, muitas organizações aceitam apenas pagamentos realizados através de um meio digital. Uma possibilidade seria as instituições emitirem vouchers criptografados que poderiam ser utilizados como créditos financeiros.
7 – Financiamentos estudantis via voucher
O financiamento estudantil é uma prática relativamente comum, que incentiva os alunos a darem o seu melhor e ajuda a educação como um todo. Mas a prática possui uma série de regras que acabam gerando uma burocracia que poderia ser evitada.
Com o Blockchain, seria possível criar vouchers que só seriam liberados com o aluno atingisse uma determinada métrica. Não seriam necessários intermediadores para a operação: o voucher ficaria disponível automaticamente quando o aluno conseguisse uma determinada nota ou atingisse algum outro critério já pré-determinado. Isso traz mais segurança para as entidades e seus alunos.
8 – Identificações únicas para toda cadeia estudantil
Quando um aluno entra para uma universidade, por exemplo, precisa passar seus dados pessoais para diversos departamentos. Muitas vezes, dezenas de funcionários da instituição têm acesso a esta informação, o que vai contra as políticas de segurança de dados pessoais. Agora imagine uma identificação única para toda a cadeia estudantil. A tecnologia do Blockchain permite a criação dessa chave, que poderia ser passada para as instituições e, a partir daí, passaria a receber todas as permissões necessárias. A tecnologia também garante que as novas informações institucionais do aluno sejam armazenadas de forma segura, começando imediatamente.
O Blockchain é uma tecnologia que foi inicialmente desenvolvida para o âmbito financeiro mas, como vimos, ela pode ser facilmente aplicada também à educação, com um impacto muito positivo. Os exemplos aqui citados podem facilmente revolucionar a educação como a conhecemos hoje. E essa é uma oportunidade que não podemos deixar passar.
* Luiz Alexandre Castanha é diretor geral da Telefônica Educação Digital – Brasil e especialista em Gestão de Conhecimento e Tecnologias Educacionais. Mais informações em https://alexandrecastanha.wordpress.com