Como seria o centro de São Paulo com bikes, patinetes, táxis, ônibus, metrô e trens apenas? Total restrição para veículos no centro expandido. A grande locomoção sendo feita por trens, metrô e ônibus e a última milha com bike e patinetes.
De imediato, teríamos a melhora no ar e no trânsito. Sem excesso de carros, táxis e ônibus conseguiriam uma velocidade média muito maior e seus custos poderiam até acabar reduzidos.
O momento atual pede ainda mais espaço para bikes. Segundo pesquisas, uma grande quantidade da população pretende contar com o transporte com bicicletas após o cenário de pandemia em que ainda vivemos. Algumas cidades e países já estão investindo muito pesado para aprimorar e aumentar as faixas para ciclismo. Um exemplo que ilustra bem isso é o da Grã-Bretanha, que espera um investimento de 250 milhões de libras em ciclofaixas, incentivando a utilização de bikes no lugar de transporte público. Foi ainda criado um fast-track para acelerar adoção de “scooters” elétricas.
No caso da Itália, que foi o centro de epidemia da Europa por algum tempo, o governo atualmente oferece um bônus à população para a compra de bicicletas, em até 60% do custo do bem ou até o limite de 500 euros, tentando evitar a aglomeração em transportes públicos.
Enquanto discutimos a possibilidade de uma segunda onda do vírus, ou até mesmo do surgimento de outros tipos de vírus e de medidas necessárias para o enfrentamento, opções de transporte que diminuem a possibilidade de contágio precisam ser incentivadas.
Além de podermos amenizar a possibilidade de infecção, a locomoção por bicicletas traz ainda muitos benefícios para os seus usuários. Porque se trata de um exercício ou esporte, onde você pode ter exposição ao sol que ajuda na produção de vitamina D, podendo contribuir para o aumento da sua imunidade.
Mesmo sem poder contar com qualquer esfera governamental, precisamos discutir e incluir uma maior quantidade de faixas para ciclismo nas grandes cidades e também permitir uma melhor integração com outros modais de transporte público ou individuais. Depois de uma crise humanitária, nada melhor do que um cenário que melhore a vida de cada um. Mais saúde com exercícios, menos trânsito e barulho e um ar muito mais saudável e respirável.
*Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.