O treinamento e o desenvolvimento dos colaboradores são itens fundamentais para o sucesso dos negócios. Pessoas capacitadas e motivadas geram mais resultados. Contudo, na atual conjuntura econômica do Brasil e do mundo, as companhias também precisam reduzir custos. Nesta hora, o uso da realidade aumentada para treinar os funcionários pode ser uma boa alternativa e trazer resultados positivos com menos investimento.
A pesquisa CEO Challenge 2014 mostra a necessidade de investir nos profissionais. Os dados apontaram que os principais desafios dos líderes de todo o mundo são capital humano, relacionamento com clientes, inovação, excelência operacional e regulamentação do governo. Já as informações sobre os gestores da América Latina mostraram alterações apenas na ordem das prioridades: excelência operacional, capital humano, relacionamento com clientes, regulamentação do governo e inovação são os pontos de atenção. Ou seja, pode-se concluir que as pessoas são fundamentais para o bom andamento das empresas em qualquer país.
A dificuldade de contratar e reter os bons profissionais ocorre em todas as áreas. Por isso, ao encontrar um talento é preciso mantê-lo. Também existem os casos em que o funcionário só precisa de um ‘empurrãozinho’ para crescer e ser mais produtivo. Quem ganha é a empresa. Considerando estas informações, fica claro que é preciso investir no treinamento e no desenvolvimento das pessoas para ter melhores resultados.
Para isso, a alternativa está no uso da tecnologia, que vai muito além dos dispositivos móveis e das salas de videoconferência. A realidade aumentada também pode e deve ser amplamente utilizada. Este recurso nada mais é do que projetar para o espaço físico elementos virtuais interativos. Como vemos há anos nos filmes. Apesar de pouco utilizada no Brasil, em breve começará a fazer parte do dia a dia das organizações.
A realidade aumentada também possibilita a redução de custos. Existem óculos 3D de baixo valor disponíveis no mercado, que podem ser utilizados para realizar treinamentos em ambientes artificiais. Uma companhia aérea, por exemplo, pode simular um voo para capacitar os pilotos ao invés de utilizar um avião. Outro exemplo é na área de engenharia. Os profissionais podem acompanhar o andamento de obras, observando os detalhes das estruturas com este recurso.
Vale ressaltar que a realidade aumentada dá vida ao conhecimento, transformando o aprendizado em algo mais marcante e facilitando a fixação do conteúdo. Ao tornar a situação algo real, possibilitando a imersão e a capacidade de interagir, o colaborador retém melhor a informação e passa a ter um entendimento global da empresa. A criação destes tipos de ambientes de simulação facilita a rápida absorção do conhecimento, pois a simulação é praticamente idêntica a realidade.
Apenas para exemplificar, um estudo de caso realizado com 260 alunos do ensino fundamental mostrou que a atenção e a participação dos estudantes foram além das expectativas. Após analisar os dados obtidos durante os dois anos, percebeu-se que nas avaliações bimestrais do primeiro ano da pesquisa houve um rendimento 18% superior em relação a média dos anos anteriores. No segundo ano, 85% dos alunos lembravam-se da experiência apresentada e ainda mantiveram o rendimento nas avaliações daquele ano. Ou seja, não dá para negar o quanto a realidade aumentada é benéfica para a retenção dos conteúdos.
Da mesma forma que trouxe ótimos resultados com os estudantes, também pode ser utilizada nas empresas. Esta nova tecnologia vem para auxiliar em inovação e no treinamento e desenvolvimento dos colaboradores. As companhias precisam avaliar o uso deste recurso para ter profissionais bem treinados e, por consequência, melhores produtos e serviços. Tudo isso com redução de custos em médio e longo prazo. A realidade aumentada tem tomado conta de vários setores, como o automotivo, de educação, aviação, militar e outros.
De acordo com análises do Gartner, o interesse de empresas em usar a realidade aumentada para formar funcionários, aumentar a produtividade e diminuir os riscos de segurança têm crescido consideravelmente nos últimos 18 meses. Os investimentos em aplicações dessa tecnologia estão em ascensão e deverá ultrapassar US $ 2,5 bilhões em 2018, segundo a ABI Research.
O Exército dos EUA, por exemplo, está investindo em ferramentas de realidade aumentada, ambientes virtuais e jogos para o treinamento e a preparação de tropas. Segundo o relatório “Realidade Aumentada no Battlefield 2012 – 2016”, divulgado pela consultoria Mente Commerce, a realidade aumentada está sendo usada em sistemas de percepção situacional, que envolvem identificação de inimigos, interfaces sensoriais, inteligência de localização e apoio médico.
Outro exemplo é a empresa automobilística, Volkswagen, onde os técnicos utilizam a realidade aumentada para ampliar e melhorar o sistema de informação dos serviços. Com a tecnologia é possível ter uma boa visão de cada parte do interior dos veículos e simular situações de maneira mais real. Como último exemplo, não poderia deixar de citar a Sheffield Hallam University, no Reino Unido, onde a tecnologia está sendo usada para ensinar enfermeiros sobre empatia e compaixão com os pacientes. Imagens desses pacientes, geradas por um computador, são sobrepostas, na forma de manequins, permitindo uma experiência mais “real” de contato. Outros tipos de treinamento com realidade aumentada na universidade incluem uma sala de operação simulada e tecnologia a laser.
*por Luiz Alexandre Castanha, administrador de Empresas com especialização em Gestão de Conhecimento e Storytelling aplicado a Educação, atua em cargos executivos na área de Educação há mais de 10 anos.