Pretendo abordar neste texto sobre as escolhas que fazemos todos os dias desde a hora que acordamos até a hora de irmos dormir e que nos afetam; somente a nós, daí a grande importância de fazermos boas escolhas para vivermos igualmente uma boa vida.
Para fazermos boas escolhas para nós, é necessário ter uma boa ideia de quem somos (autoconhecimento).
Outro dia, assisti ao filme que ganhou o Oscar 2023, “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, que além de abordar o tema do Multiverso, apresentou como seriam as várias vidas que a heroína do filme (Michelle Yeoh) poderia ter vivenciado, em decorrência de escolhas diferentes. Ou seja, cada escolha que ela fizesse ensejaria uma vida diferente com impactos igualmente diferentes.
E mais que isso tudo, o filme nos passa uma linda mensagem, que é dar significados e símbolos bons ou ruins para nossas vidas, honrar o que escolhermos e sermos felizes é algo interno e que depende única e exclusivamente de cada um de nós e de mais ninguém.
Parece óbvia e simples a mensagem do filme e de fato o é, acredito até que a maioria saiba disso tudo. Porém, além de esquecermos essas obviedades, as pessoas muitas vezes tendem a não ver o lado bom das coisas, pelo menos em um primeiro momento e também tendem a se vitimizar por suas próprias escolhas caindo numa infelicidade, culpa e frustração tremendas.
Outro dia minha mãe me contou que um professor deu uma folha de papel em branco com um único e pequeno ponto negro no meio da folha para que os alunos escrevessem sobre o que estavam vendo. O resultado desta experiência escolar foi que todos os estudantes, sem exceção definiram o ponto negro tentando dar explicação para sua presença no centro da folha. Moral da história, nenhum deles viu a parte em branco da folha com inúmeras possibilidades. E o professor disse a eles: “Assim acontece em nossas vidas, temos uma folha em branco inteira para observar e aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros”.
E é assim para todos nós. Importante termos consciência que a cada escolha, decisão ensejarão vários efeitos sejam eles bons, ruins, médios etc., e muito certamente com ônus e bônus. Aqueles que escolhem com consciência, maturidade de que nada em ninguém é perfeito, uma boa dose de conhecimento sobre si tende a honrar suas escolhas e trilharem caminhos de vida mais felizes, amorosos e significativos.
A sociedade com a qual interagimos constantemente traz grandes impactos nas escolhas das pessoas, especialmente, mas não só, para aquelas pessoas que estão inseridas no efeito manada. Vale aqui explicar a e expressão efeito manada que se refere à tendência de indivíduos seguirem a opinião ou ação de um grupo irracionalmente e sem analisar fatos ou fundamentos. Isso acontece devido a influência de opinião de grupos na tomada de decisão individual, o que pode resultar em comportamentos impulsivos.
Trazendo a baila um texto antigo; porém muito atual do humorista, ator, autor americano e vencedor de cinco Grammys, George Denis Patrick Carlin, que nasceu em 1937 e faleceu em 2008, que foi compartilhado, a mim, por meus pais. Ele discorre o seguinte em um dos seus trabalhos:
“Nós bebemos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores; nós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver, adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. Estamos na era fast-food e da digestão lenta, do homem grande, de caráter pequeno, lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas mágicas. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa. Uma era que leva essa carta a você. E uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar “delete”. Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre. Lembre-se de dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Lembre-se de dizer eu te amo à sua companheira (o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame….se ame muito. Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro. Por isso valorize sua família e as pessoas que estão ao seu lado sempre.”
Se eu fosse escrever algo similar ao que Carlin escreveu, faria alguns ajustes como por exemplo quando ele menciona família, há famílias que valem a pena e outras que nem tanto, pois nem todos têm a sorte de vir de uma família funcional, de um nível pelo menos nota 7 como diria um amigo meu; não obstante, como disse o pensamento ainda é muito atual e vale a pena ser compartilhado.
Para finalizar, meu pai muitas vezes mencionava para nós, filhos e somos em três, a fórmula que ele tinha para a felicidade. Ele dentre outras coisas também era matemático e sua fórmula era uma dízima periódica, que consistia: 33,3 % de amor, 33,3% de saúde e 33,3% de dinheiro.
Desejosa de que façam boas escolhas para serem felizes nessa breve jornada da vida, pergunto se já pensaram qual é a fórmula da felicidade para vocês? Boas reflexões a todos.
*por Viviane Ribeiro Gago, facilitadora em Desenvolvimento Humano, autora dos livros A Biografia de uma pessoa comum, Olhares para os sistemas, Advocacia Corporativa, dentre outros; advogada e mestre em Direito das Relações Sociais. Mais informações em site