Um Big Bang de tecnologias exponenciais tomou conta da Espanha no final de fevereiro. Mais de 90 mil pessoas visitaram os mais de 2,4 mil expositores da MWC Barcelona 2023.
Os quatro dias de evento foram insuficientes para explorar os mais de 250 mil m2. Tradicionalmente focado em inovações voltadas para telecom e dispositivos móveis, o hiato da pandemia teve como reflexo o crescimento do escopo de novidades, que nesta última edição incluiu realidade virtual, inteligência artificial, logística, finanças, servidores, software e muito mais.
Com a organização da GSM Association (GSMA), um grande tema discutido foi, sem dúvidas, o 5G. No final de 2022, o número de conexões ultrapassou a marca de um bilhão globalmente, o que a GSMA chamou de a primeira onda do 5G.
E, enquanto a revolução na forma como nos comunicamos ainda engatinha no Brasil, na MWC a pauta já se estendia para o 6G, inclusive com muitos expositores mostrando demos desse padrão: ainda mais rápido, com alta capacidade e baixa latência.
Ainda apenas no mundo das ideias (já que os seus parâmetros ainda não foram definidos), o 6G deu um gostinho de todas as disrupções que o modelo proporcionará.
Não faltaram protótipos de robôs. Os que chamavam mais atenção eram os cães, para todos os gostos e finalidades. Divertidos, brincavam, dançavam com os visitantes como pets perfeitos, mas também com um toque assustador de Black Mirror. Outros modelos já estão bem evoluídos para trabalhar pesado nas áreas de segurança, indústria e mineração.
Carros e helicópteros autônomos também foram grandes sensações da feira, mostrando que realmente o futuro bate à porta e não espera um convite para entrar. A questão é que depois dos acidentes (até fatais) envolvendo pessoas que ligaram o modo autônomo de direção dos veículos da Tesla, muito ainda precisa ser definido para que esse tipo de inovação seja adotada em massa pela indústria.
Mais um tema que foi hype é o Metaverso e suas possibilidades. Foram muitas as discussões, desde sua monetização (antes que outra empresa o faça) até a dificuldade que as operadoras de telefonia terão para comportar a infraestrutura de rede e conectividade necessárias quando esse ambiente virtual se popularizar.
Melhor que explicar um conceito novo em palavras é vivenciá-lo na prática! Longas filas então se formaram para jogar com companheiros virtuais, andar de caiaque ao lado de pinguins ou ainda passear em um parque e não apenas ouvir o som dos pássaros, mas também sentir o cheiro de flores e da terra molhada pela chuva.
Sim, a grande barreira do “ah, se essa imagem tivesse cheiro!” finalmente foi quebrada.
A surpresa foi o toque especial escolhido pelas empresas de telecom para mostrar a capacidade que a telepresença já pode ter hoje. Inclusive, na forma de uma apresentação em 360 graus que pode ser vista no metaverso com óculos de realidade virtual.
E, se a MWC mostrou como tantas tecnologias podem ser aplicadas no cotidiano, é impossível não pensar na revolução potencial dentro da educação. O maior impacto, sem dúvida, será nos simuladores, que usarão gêmeos digitais – réplicas idênticas de ambientes reais.
Tarefas de alto risco poderão ser treinadas sem exposição ao perigo. Desde descobrir possíveis vazamentos de líquidos ou gases com riscos de explosão até manutenções críticas em redes de alta voltagem, as experiências são tão realistas que enganam até profissionais experientes.
Muitas empresas falaram sobre Web 3.0 (web baseada em dados que não apenas humanos, mas máquinas poderiam processar) e metaverso, mostrando experiências imersivas de alta qualidade. Porém, cada um no seu metaverso.
Uma plataforma única ainda está longe, mas todos os especialistas presentes apontam que o futuro é imersivo para negócios, entretenimento, consumo e educação.
Um admirável mundo novo que já está ali na esquina. Você está pronto para ele?
*Luiz Alexandre Castanha, administrador de empresas com especialização em gestão de conhecimento e storytelling aplicado à educação, coautor do livro “Olhares para os Sistemas” e é CEO da NextGen Learning.