Já sabemos que a tecnologia vem tomando o campo das mais diferentes maneiras. Maquinários sofisticados, inovações na colheita, processo de compra de insumos agrícolas e a comunicação entre o produtor rural e o vendedor têm se destacado por meio de novas soluções – especialmente em tempos de Covid-19.
De fato, a digitalização no agronegócio já é uma tendência consolidada que a cada dia faz mais parte da realidade do produtor brasileiro, seja em serviços técnicos, de gestão ou na compra de insumos e os ganhos em termos de produtividade e sustentabilidade fortalecem este novo contexto.
O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o acesso à internet no campo teve um avanço de 1900% nos últimos anos. Hoje, mais de 1,4 milhão de produtores rurais já estão conectados. E, à medida que a conectividade aumenta, o interesse pelas compras digitais, também. Um estudo realizado pela consultoria McKinsey revelou que, para as próximas safras, 46% dos agricultores estão dispostos a fazer seus pedidos digitalmente, mostrando a necessidade de redes de distribuição aderirem às vendas online e o relacionamento digital.
Neste cenário, o WhatsApp ganha destaque, sendo o principal meio para transações digitais, principalmente no que se refere à compra e venda de grãos. Em outras áreas, as plataformas digitais vêm ganhando espaço, mas ainda são fragmentadas. Com as hortaliças, por exemplo, mais da metade dos produtores (52%) não usam o digital para suas compras.
Em termos de digitalização, o estudo ainda mostra que o agricultor brasileiro é mais ligado em tecnologia do que o agricultor norte-americano. Apesar de compras online não significarem necessariamente a utilização de tecnologias digitais no campo, no Brasil a porcentagem dos agricultores que fazem compras online para a fazenda é 12% superior que nos Estados Unidos. Ou seja, o agricultor brasileiro tem interesse em conhecer em como a tecnologia pode auxiliar no campo.
Mas o digital não está presente apenas nesta parte que se refere à compra dos insumos, mas sim ao longo de toda a jornada do agricultor. No que tange a comercialização da produção, por exemplo, o número de agricultores brasileiros dispostos a vender 100% da sua produção on-line dobrou do último ano para cá.
Acredito que o uso de tecnologia no agronegócio ainda é muito heterogêneo entre as culturas e regiões. Os altos custos e falta de infraestrutura são os principais obstáculos para uma maior adoção de tech. É comum, por exemplo, que mesmo adquirindo máquinas com tecnologia agrícola, os produtores não consigam usufruir nem 10% do que elas oferecem. Faltam capacitação e fabricantes engajados para lidar com a complexidade que é a transformação digital deste setor.
A verdade é que o contato pessoal ainda é e sempre será relevante, mas a multicanalidade está aqui para ficar. O aumento do uso das tecnologias digitais não significa a diminuição da mão de obra, que continua sendo essencial para qualquer prática agrícola. Muito pelo contrário: essas soluções vêm para simplificar e qualificar ainda mais as atividades de quem trabalha no campo.
Com isso, o setor agro só tem a crescer. Afinal, a digitalização trouxe um grande impacto positivo para todo o segmento – expandindo oportunidades, abrindo novas frentes e permitindo gerações de serviços antes desconhecidas. Pela expectativa do mercado, o clima está favorável para boas colheitas no campo digital.
*por Ju Ferreira, palestrante e mentora, criadora da metodologia Alquimia Pessoal, executiva de uma empresa de TI há 17 anos. Mais informações em www.juferreira.com.br e www.alquimiapessoal.com.br