Todo mundo já passou pela experiência de se matricular em 1, 2, 3 ou 4 cursos e criar expectativas em relação ao aprendizado. Ao longo dos últimos anos, as perguntas que ouço com mais frequência aqui na escola são: “Quanto tempo levarei para ficar fluente nesse idioma? Vou poder conversar com estrangeiros daqui a alguns meses? Como a escola irá me ajudar a ficar expert até o final do curso?”.
Só para ilustrar como o processo de aprendizagem é complexo e lento, imagine um bebê que comece a falar a partir de um ano. Supondo que ele tenha ficado em média 12 horas acordado tendo contato com a língua materna o tempo todo, isso soma 8.760 horas até que ele diga suas primeiras palavras. Considerando que um curso de idiomas completo do básico ao avançado oferece em torno de 3 horas/aula por semana, isso dá cerca de 780 horas. Ou seja, o curso tem bem menos carga horária.
Por isso, acredito muito na importância de estudar em casa e rever a matéria. O curso em sala de aula deve oferecer o conteúdo, mas o aprendizado completo exige estudo pós-aula. As orientações das aulas são fundamentais para guiar os estudos e apresentar a metodologia de ensino. Mas por si só, não fazem milagres. Por isso, independente do grau de conhecimento do aluno, os professores sempre recomendam que façam seus homeworks, e busquem ter contato com o idioma através de filmes, músicas, conversas. Isso é fundamental para que a pessoa passe a associar expressões, vocabulário e até mesmo encontrar dúvidas quanto à pronúncia, que podem (e devem!) ser esclarecidas em aula.
E para que os estudos em casa gerem bons resultados, é recomendado que sejam feitos em até 48 horas após a aula. Isso porque se você não assimilar logo, com o tempo o conteúdo “adormece”. Você não o perde, mas fica mais difícil assimilá-lo. Por isso, estabeleça uma rotina. Sabemos que às vezes o dia a dia tumultuado não nos permite fazer todas as atividades como gostaríamos, mas separe um período por semana para estudar. Com o tempo, será perceptível o seu avanço no idioma.
Acredito que, em média, os alunos aprendem de 30% a 40% do conteúdo em sala de aula. Entretanto a maior parte da aprendizagem será feita a partir de estudos pessoais, que é onde realmente acontece a fixação da matéria. É nesse momento que relembramos, repetimos e reforçamos o conteúdo. Recomendo que se o aluno não tiver tempo para sentar e realmente fazer sua tarefa, pelo menos faça uma ‘releitura’ do conteúdo, para que o mesmo comece a migrar da Memória de Curto Prazo (MCP) para a Memória de Longo Prazo (MLP).
Para conseguir obter bons resultados com os estudos pós-aulas, recomendo não protelar essas atividades. Não os deixe como última atividade do seu dia. A não ser que o seu relógio biológico te mantenha bem acordado à noite, depois de um dia cheio de trabalho. Caso contrário, se você tiver disponibilidade, prefira o período da manhã. Estudos mostram que esse é o momento propício para pensar e aprender, já que o córtex pré-frontal está alerta a essa hora, melhorando a sua capacidade de memorização. Mas se a correria do trabalho dificultar, selecione algum período em que estiver sozinho, com mais tranquilidade para os estudos.
O aprendizado não acontece de forma mágica, depende do empenho do aluno. Você tem que estudar para aprender, além das aulas. Esse esforço pode, muitas horas, parecer muito árduo. Mas no fim vai valer a pena, acredite.
*Lilian Simões, diretora da Essential Idiomas, consultoria brasileira especializada em idiomas para executivos.