Para o sucesso de uma organização dois ciclos são de extrema importância para trazer bons resultados ao longo do tempo para os negócios: o planejamento e a estratégia.
Antes de mais nada é muito importante entender que estes dois ciclos são independentes, ou seja, podem existir separadamente e/ou em níveis de excelência diferentes! Não é difícil encontrar empresas que são melhores em um deles, do que no outro. Ter um planejamento bem definido, não quer dizer que a estratégia seja brilhante, ou vice versa.
Vamos entender: a estratégia define o posicionamento de uma organização num macro cenário. Para empresas, define seu posicionamento em seu mercado, diante de todos os stakeholders, mas principalmente diante de seus concorrentes e clientes. A estratégia é definida no campo das decisões de longo prazo, não da ação.
O planejamento, por sua vez, é o dimensionamento dos esforços para implementação de uma estratégia, e/ou de uma visão de futuro (ainda que tácitos!). O planejamento é construído para organizar elementos concretos de uma organização: esforços medidos em recursos, datas (cronogramas), metas, indicadores, etc.
Muitas vezes na ânsia de alcançar os resultados, muitos empresários e gestores mergulham nas ações do dia-a-dia, sempre justificando a falta de tempo como a razão para parar e refletir sua estratégia, ou estruturar o seu planejamento. O resultado? Muito retrabalho, muitas mudanças de rota, um pouco de confusão, pouquíssimo foco e, ineficiência com pouquíssimos diferenciais para seus concorrentes. O capital humano desta organização terá a impressão (ou certeza) que ela ou está à deriva das marés do mercado, ou fazendo um esforço desproporcional aos seus resultados.
A estratégia de definir focos prioritários no longo prazo e estar ancorada em diferenciais competitivos, ou no mínimo, num posicionamento que permita aos clientes, uma clara percepção de valor. Mesmo que a escolha seja a de seguir as empresas líderes em suas estratégias.
O planejamento permitirá ao capital humano da organização, atuar de modo organizado. Orquestrando o uso dos melhores esforços e, medindo sua efetividade no dia-a-dia.
Embora sejam disciplinas que remontam ao início da civilizações, não necessariamente são práticas instaladas e disseminadas no nível que poderia ser considerado satisfatório. O porquê? Uma herança de mercados inflacionários, margens de lucro altas, pouca concorrência e até, má formação dos gestores e líderes, e mercados jovens ou empresas jovens que ainda contam com seus idealizadores à frente. Precisamos lembrar que do ponto de vista da idade da civilização humana, sistemas econômicos complexos e competitivos são relativamente novos.
Temos visto os dois temas se disseminarem, seja na busca pela sua implementação, curiosidade, ou busca frenética por algo que auxilie as organizações nestes tempos de crise global disseminada.
Não há duvida que o planejamento é ferramenta fundamental para que a empresa consolide um tema que é uma necessidade premente na economia brasileira e em qualquer empresa instalada em mercados competitivos: eficiência operacional.
Da mesma forma, a estratégia é uma reflexão vital para a mudança de modelo de negócios que vem assolando vários mercados: a transição do foco em processos e produtos para focosnos (ou “dos”) clientes.
Eficiência operacional perseguida dia após dia, em cada atividade ou processo das organizações e, um foco crescente no cliente na busca frenética de ampliar o valor percebido por eles sobre os produtos ou serviços oferecidos ao mercado, são mais do que necessidades: são condições mínimas em mercados globalizados e altamente competitivos. Assim, o ciclo de estratégia e a instalação do processo de planejamento, condições mínimas para a sobrevivência de longo prazo.
Estratégia e planejamento são ciclos contínuos. Possuem unidades de tempo diversas e em geral, o primeiro opera no longo prazo e o segundo melhor no curto/médio prazos. Como ciclos contínuos, devem ser cotidianos e sua prática aperfeiçoada continuamente. Nenhuma organização que os inicio, em conjunto ou separadamente, estará em nível de excelência na primeira tentativa. Até porque, requerem competências das organizações e das pessoas que se dedicam à eles, que são passiveis de desenvolvimento, mas não são inatas!
São ciclos muito difíceis? Eu diria que não, mas exigem dedicação de recursos e de tempo. Tentar praticá-los em curtos e raros encontros dos gestores, faz subestimar a sua importância, a complexidade do mercado da empresa e portanto, a real necessidade da organização em adotá-los. São ainda, em muitas, o que chamamos de “agenda paralela” : importantes, mas realizados “quando dá tempo”.
Tenho andado por várias empresas e, destaco: é a disciplina dos líderes seniors que definirá a profundidade, abrangência e o impacto dos esforços de práticas a Estratégia e o Planejamento. E na maior parte das organizações e líderes que conheci, que se dedicaram, também encontrei mais eficiência, maior foco no cliente, resultados financeiros melhores e sustentáveis e, equipes muito melhor integradas e preparadas.
Portanto, sem sombra de dúvida: compreender, adotar e estruturar o ciclo de Estratégia e Planejamento não é uma opção, é uma necessidade para quem pretende competir e, sobreviver no longo prazo.
*por João Roncati, diretor da People+Strategy – consultoria brasileira reconhecida e respeitada por seu trabalho estratégico com a alta liderança de grandes companhias.