Já existe uma pressão social e regulatória pela aceitação da diversidade nos sistemas corporativos. O que evidencia algo muito positivo: uma mudança benéfica nos parâmetros sociais, principalmente em relação a temas, como inclusão do negro, mulheres, pessoas com deficiência, entre outros.
Mudanças que envolvem inclusão, diversidade costumam levar tempo, mas o mais importante é que elas aconteçam como parte de um processo evolutivo com foco em conexões genuínas e uma mudança de consciência autêntica e sábia.
A abolição da escravidão é um exemplo que retrata muito bem esse avanço das percepções sociais, da sabedoria colocada em prática, pois antes da promulgação da Lei Áurea em 1888, os negros estavam dentro de um cenário desumano, indigno e que era visto como normal naquela época da sociedade.
Com o tempo, o que era normalizado, passou a não ser, passou sim a ser repudiado, o que deu ensejo à libertação dos escravos, em sua maioria negros.
A tomada de consciência demorou, mas chegou. Assim, como está acontecendo com vários outros temas envolvendo as pessoas tidas como diferentes.
Existe uma diferença entre diversidade e inclusão, a diversidade é a presença de pessoas, é algo quantitativo, você conta quantas pessoas negras, com e sem deficiência, mulheres que existem em determinado sistema. Já a inclusão refere-se à qualidade das relações, onde o cego não precisa esconder isso para ser aceito, onde a mulher não tenha que se masculinizar para ser respeitada ou ser promovida, onde o gay não precisa omitir, esconder que tem um marido, por exemplo.
O melhor resultado vem sempre da união entre teoria e prática. No caso de inclusão e diversidade, é o convívio que melhora e acelera esses processos, pois permite que as dificuldades de se relacionar com o diferente sejam vividas, desmistificadas e, principalmente, compreendidas.
Segundo pesquisa realizada pelo Infojobs em junho de 2024, 59% dos profissionais acreditam que diversidade e inclusão nas empresas ficam apenas no discurso, enquanto 38% percebem uma mistura de marketing com conscientização genuína. Entre profissionais LGBTQIAP+, 93% consideram políticas de inclusão essenciais para melhorar o cenário, mas 87% afirmam que ainda existem preconceitos velados que limitam seu crescimento. Além disso, 53% já sofreram discriminação por identidade de gênero ou sexualidade dentro do ambiente corporativo.
Os sistemas corporativos visam ao lucro, exigindo rapidez, cumprimento de metas, e estratégias para superar a concorrência. Muitas vezes, o tema de pessoas já fica em segundo plano, imagine as pessoas tidas como diferentes?
O fato é que todos são pessoas, merecem um espaço no mercado de trabalho, um emprego, um salário que se traduzem em dignidade.
As empresas são palco de muitas vidas, têm grande poder econômico impactam a sociedade como um todo. Por isso, têm grande responsabilidade social que traz junto também um olhar para a diversidade e a inclusão; não há como fugir disso.
É fundamental investir não apenas no desenvolvimento horizontal, mas também no desenvolvimento vertical das pessoas — que, no fim, são as próprias empresas — para agir de forma efetiva diante de um tema tão relevante e promover transformações reais e benéficas.
Lembrando que transformações reais não são vitrines, maquiagem; são mudanças viscerais, verdadeiras e, acima de tudo, concretas; e mais que tudo isso é o certo a fazer.
*Viviane Gago é advogada e consteladora pelo Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ/USP) com parceria do Instituto Evoluir e ProSer e facilitadora pela Viviane Gago Desenvolvimento Humano