Uma nova ideia tomou conta das redes sociais: quiet quitting (em português, demissão silenciosa). Essa tendência, que cresce especialmente nas redes sociais, não tem nada a ver com pedir demissão. Significa apenas fazer o que é necessário no trabalho. Sem horas extras, querer se destacar ou fazer mais pela empresa.
Em crescimento principalmente entre trabalhadores mais jovens, a hashtag #QuietQuitting já acumulou mais de 354 milhões de visualizações apenas no TikTok.
Alguns especialistas sugerem que é apenas um nome controverso para fazer trabalho com limites saudáveis de vida profissional, enquanto outros dizem que a dedicação ainda é importante para avançar em sua carreira ou mesmo uma maneira de lidar com o esgotamento.
A questão é que o ambiente corporativo não pode apenas olhar de cima a popularização desse movimento. Algo precisa ser feito – e o mais rápido possível.
O engajamento dos colaboradores se relaciona diretamente com o desempenho no trabalho. E, se os empregadores querem organizações saudáveis e com desempenho, eles precisam intensificar a tarefa de atender às suas necessidades. E esse “combo” vai muito além de reconhecimentos, recompensas, compensações e as oportunidades de avanço que os funcionários possam merecer.
A oportunidade de reconquistar a excitação do primeiro dia de trabalho está também no desenvolvimento de programas de capacitação especificamente voltados para esse fim. Quem defende esse movimento é John Bersin, um dos maiores pensadores mundiais quando o assunto é aprendizado corporativo.
E vale a pena acreditar no potencial de recuperação e retenção desses talentos. Afinal, empresas com funcionários altamente engajados superam seus concorrentes em impressionantes 147%, de acordo com o futurista Blake Morgan.
Na verdade, os colaboradores são engajados quando sentem uma conexão emocional e paixão pelo trabalho e pela empresa. E esse sentimento não deve ser confundido com a satisfação dessas pessoas, que geralmente é determinada pelo pagamento e benefícios, entre outros pontos.
O envolvimento exige que o funcionário sinta o significado em seu trabalho e que sua contribuição é importante e impactante.
Mas qual caminho seguir quando o assunto é capacitação?
O primeiro ponto é deixar de lado as metodologias tradicionais de ensino e migrar para a adoção de novas tecnologias. Muitas vezes, o aprendizado não é bem utilizado nas organizações porque não é personalizado o suficiente.
A tecnologia pode ser utilizada na personalização do aprendizado. Por exemplo, a inteligência artificial (IA) é fundamental na personalização ou contextualização do aprendizado entregue, usando informações sobre as experiências anteriores e o histórico de uma pessoa e seus objetivos.
Outra questão importante é utilizar uma abordagem de microaprendizagem, tornando os materiais e recursos acessíveis por meio de dispositivos móveis. E as capacitações não podem ser algo imposto.
É importante se concentrar em adotar um aprendizado social e informal. E é nesse ponto que os recursos de gamificação podem tornar o aprendizado mais divertido e envolvente.
Além de técnicas mais inovadoras e dinâmicas, que se aproximem ao máximo do colaborador sem ser maçante, o conteúdo abordado também precisa ser pensado em detalhes.
Ele precisa ser relevante, focando principalmente em como poderá ser utilizado agora e amanhã por cada um. Até porque, para quem se sente desestimulado, será fácil ter a sensação de “tempo perdido”.
O Quiet Quitting é mais uma questão a ser pensada por todos os tipos de empresas. Você continuará a ignorar esse movimento ou buscará novas maneiras de reacender a motivação e a produtividade dos colaboradores?
* Luiz Alexandre Castanha é administrador de Empresas com especialização em Gestão de Conhecimento e Storytelling aplicado à Educação, atua em cargos executivos na área de Educação há mais de 10 anos, é especialista em Gestão de Conhecimento e Tecnologias Educacionais e agora CEO da NextGen Learning. Mais informações no site.