Muitos acreditam que os negócios realmente lucrativos são os de alta escalabilidade, mas como chegar a isso? Isso, na verdade, me remete ao ano de 1914, época da Revolução Industrial e do surgimento do fordismo, cuja a principal característica era a fabricação em massa. Mão de obra pouco qualificada e produtos padronizados feitos ao montes para atender o maior número de consumidores fazem parte desse sistema de produção. Você já pensou nisso funcionando nos dias de hoje?
Convenhamos, essa história de atividades automatizadas, crescimento acelerado e padronizado já está ultrapassado. Não é a toa que 9 em cada 10 startups que surgem no Brasil acabam fechando em menos de um ano, segundo dados da Associação Brasileira de Startups. Vivemos em uma nova era, de uma geração totalmente inovadora, que preza pela qualidade e busca, incessantemente, por diferenciais. Novos modelos de business e startups surgem imersos em um novo conceito inovador que envolve pesquisas, customizações de serviços e funcionários altamente qualificados e treinados.
Eu não só aplico essa ideia, como sugiro para todos esse conceito. Acredito que para um produto dar certo hoje em dia, é necessário ter a fase do não escalável, ou seja, criar a solução para um usuário definido e depois de totalmente pronto poderá ser comercializado em alta escala. Ou seja, o que mudou foi na hora do desenvolvimento.
Todo esse processo inicial e de desenvolvimento do negócio deve ser levado a sério hoje. O pensador e investidor inglês, Paul Graham, demonstrou isso bem quando disse: “Você cria alguma coisa e a disponibiliza para as pessoas. Se você tiver feito uma ratoeira melhor, as pessoas vão acabar batendo à sua porta”. Com isso, ele mostra que o processo de criação e teste é hoje extremamente importante para alinhar seu produto ou serviço com os interesses do mercado e aperfeiçoá-lo. Afinal, se você tiver o melhor produto será automaticamente procurado pelas pessoas.
Não é por acaso que tantas startups não dão certo. De acordo com pesquisa da Startup Media, 43% dos empreendedores montam planos para startups escaláveis, ou seja, que valerão milhões em pouco tempo. Mais do que isso, 73% das empresas não passaram pela fase do não escalável.
Já pensou em um produto criado, cuidadosamente, para uma única pessoa ou um grupo em específico? De acordo com suas necessidades, adaptado ao seu perfil, realçando seus pontos fortes e acabando com os fracos? É exatamente essa a ideia. Um dos maiores visionários que já tivemos, Steve Jobs, sempre reforçou isso. De acordo com ele, os primeiros meses de vida do seu negócio fazem parte da fase mais importante dele. É quando desenhamos e entendemos como os usuários reagirão a nossa criação. Os produtos da Apple são o que são exatamente por isso. Por testar a experiência que será levada ao usuário e não se ater apenas a fabricação do produto em si.
Seguindo essa ideia, na maioria dos casos, o produto fica tão bom que é facilmente replicado para o mercado e é capaz de atingir todo um grupo, com eficiência, qualidades e diferenciais. Afinal, de nada adianta apenas captar o cliente, é necessário conquistá-lo. Pensar e agir como máquina, de maneira automática e buscando grandes resultados logo no início não costumam encantar ninguém mais.
Para você entender melhor, vamos pensar em um exemplo extremamente conhecido e de sucesso: o Facebook. Por um bom tempo, ele foi restrito apenas para estudantes de Harvard. A rede social sempre teve potencial para atingir milhares de pessoas, mas ganhou força com um pequeno grupo de usuários antes de ir para o mercado todo. Nesse tempo, as necessidades foram sendo descobertas, ajustes foram feitos e o produto foi altamente preparado para ser lançado ao mercado.
E esse exemplo se estende a diversos casos e segmentos diferentes. No meu caso, eu e a minha equipe criamos uma solução para o setor de educação, mas estamos fazendo os ajustes para um grupo específico. Isso porque cada professor, escola e aluno têm sua própria maneira de aprender e ensinar. E depois de finalmente aprovado por todos desse grupo, colocaremos no mercado para ser escalável.
* Por Marcos Abellón, diretor geral da W5 Solutions que criou o Q2L – ferramenta multiplataforma de aprendizado, que utiliza conceitos de gamification para apresentar seu conteúdo ao aluno/jogador e tem disponível: os idiomas inglês e espanhol, além das disciplinas do Ensino Médio. Mais informações em: www.q2l.com.br