A falsa economia da telefonia tradicional no orçamento das empresas*

Embora muitas empresas brasileiras ainda mantenham sistemas de telefonia tradicional por acreditarem que representam um custo menor, essa percepção não se sustenta diante dos dados mais recentes do mercado. A evolução do setor de comunicações no país e no mundo mostra que modelos baseados em linhas fixas, PABX físico e tarifação por tempo de chamada acumulam custos ocultos que não aparecem no comparativo inicial.

O declínio acelerado da telefonia fixa no Brasil

Dados do setor revelam que a telefonia tradicional perdeu relevância em velocidade recorde:

  • O Brasil encerrou outubro de 2025 com 20,5 milhões de telefones fixos em operação, com densidade de 9,4 acessos por 100 habitantes.
  • Em 2024, o mercado brasileiro perdeu 3,2 milhões de linhas fixas, terminando o ano com cerca de 22,2 milhões de assinantes. Foi a maior queda percentual desde 2014.
  • Na última década, a base de linhas fixas caiu pela metade: havia 44,1 milhões de acessos em 2014.

Essa redução contínua indica que a infraestrutura tradicional tende a se tornar mais cara de manter à medida que envelhece, pois depende de hardware físico, peças específicas e contratos pouco flexíveis.

Adoção crescente de plataformas digitais e unificadas

O movimento global de migração para comunicação digital e baseada em IP é claro:

  • O mercado global de UCaaS (Unified Communications as a Service) foi avaliado em US$ 79,39 bilhões em 2024 e pode atingir US$ 270,32 bilhões até 2032, impulsionado por modelos de trabalho híbridos e pela busca por eficiência operacional.
    (Fonte: Data Bridge Market Research, relatório 2024–2032)

Em uma migração para telefonia em nuvem, a empresa deixa de arcar com custos que são típicos de infraestruturas legadas, incluindo:

  • equipamentos físicos (PABX, placas, fontes, módulos);
  • manutenção periódica e trocas de componentes;
  • linhas dedicadas e tarifas de troncos tradicionais;
  • visitas técnicas para reconfigurações;
  • limitações físicas de capacidade e expansão.

Além disso, sistemas na nuvem oferecem integração com equipes remotas, múltiplas filiais e diversas ferramentas corporativas.

O custo total de propriedade: o que a fatura não mostra

Segundo análises sobre TCO (Total Cost of Ownership) amplamente difundidas por consultorias como Gartner, o custo real de um sistema de comunicação envolve:

  • despesas com manutenção de infraestrutura física;
  • atualizações e substituição de equipamentos;
  • suporte técnico especializado;
  • tempo de inatividade (downtime);
  • perda de produtividade por limitações operacionais;
  • dificuldade de integração com outros sistemas da empresa.

Quando esses fatores entram na conta, tecnologias legadas frequentemente tornam-se mais caras no longo prazo, mesmo que pareçam baratas no mês a mês.

O risco do downtime em sistemas tradicionais

Sistemas tradicionais dependem de hardware físico — e quanto mais antigo o parque tecnológico, maior o risco de:

  • falhas elétricas;
  • problemas no PABX;
  • rompimento de cabeamento;
  • indisponibilidade por manutenção;
  • lentidão para retomada após falhas.

Estudos internacionais e de mercado mostram que empresas costumam registrar impactos significativos durante períodos de indisponibilidade, especialmente quando atendimento ao cliente e operações internas dependem de comunicação constante.

O valor exato varia por setor, mas em empresas com dezenas ou centenas de funcionários, qualquer hora parada representa prejuízo direto em produtividade, atendimento e oportunidades comerciais.

Integração com IA: a nova fronteira da produtividade

Soluções modernas de comunicação em nuvem permitem:

  • transcrição automática de chamadas;
  • análise de dados de atendimento;
  • roteamento inteligente;
  • relatórios avançados;
  • assistentes virtuais para tarefas repetitivas.

Segundo estudos da McKinsey, a adoção de IA em processos internos pode elevar a produtividade organizacional em 20% a 30%, dependendo do setor.

Essas capacidades simplesmente não são possíveis em PABX tradicionais — o que transforma a telefonia moderna em um ativo estratégico, não apenas operacional.

Conclusão: a falsa economia custa caro

A decisão sobre qual sistema de comunicação adotar não pode se basear apenas na fatura mensal da operadora. É essencial considerar:

  • eficiência operacional;
  • continuidade de negócios;
  • suporte ao trabalho remoto;
  • capacidade de integração;
  • redução de riscos e imprevistos;
  • previsibilidade orçamentária.

A “falsa economia” da telefonia tradicional está justamente nos custos invisíveis que ela gera.

À medida que o ambiente corporativo se torna mais digital e distribuído, entender esses impactos é fundamental para qualquer empresa que busca:

  • sustentabilidade financeira,
  • produtividade,
  • modernização,
  • e competitividade.

*por Emerson Carrijo, CEO da Vocom, plataforma brasileira de comunicação unificada em nuvem voltada para PMEs. Mais informações no site.