Segurança no trabalho: é hora de cuidar de quem faz a construção acontecer*

A construção civil é um setor vital para a economia, mas continua sendo uma das áreas mais críticas quando se trata de segurança no trabalho. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que, em 2023, foram registrados 2.888 acidentes fatais em ambientes laborais no Brasil, com destaque para a construção civil, que ocupa a 6ª posição no ranking de acidentes típicos. Esses números alarmantes mostram que muitas empresas ainda tratam a segurança como uma obrigação legal mínima, e não como um valor estratégico.

A realidade se agrava quando se analisa que grande parte dos acidentes ocorre por falhas básicas de gestão: ausência de treinamento adequado, equipamentos de proteção incompletos ou processos mal estruturados. Cada incidente não representa apenas um risco humano, mas também perdas financeiras significativas, atrasos em obras e impactos na reputação da empresa.

Algumas organizações, no entanto, começam a adotar uma postura diferente. CHRO´s que combinam conhecimento técnico e visão estratégica, atuando com foco em segurança e cuidado com pessoas. Essas empresas têm se destacado ao desenhar processos, treinar equipes, auditar fornecedores e criar uma cultura de prevenção. Esse olhar integrado coloca o ser humano no centro das decisões e transforma a segurança em uma vantagem competitiva.

Nesse contexto, o papel da engenharia de obras é determinante. O uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como capacetes, cintos de segurança, luvas e óculos de proteção, deve ser tratado como prioridade inegociável em cada canteiro. Mais do que distribuir equipamentos, é fundamental acompanhar a utilização, treinar os trabalhadores para usá-los de forma adequada e fiscalizar continuamente. Afinal, a eficácia dos EPIs depende tanto da qualidade do material quanto do comprometimento diário de quem os utiliza.

Programas estruturados de treinamento, tanto comportamentais quanto técnicos, são igualmente fundamentais para reduzir riscos. Equipes internas e terceiros passam por onboarding rigoroso e reciclagem periódica, garantindo que todos compreendam a cultura de segurança, o uso adequado dos EPIs e os procedimentos de cada obra. Políticas claras e códigos de ética embasam essas práticas, e auditorias frequentes validam a aplicação no dia a dia, criando uma responsabilidade compartilhada entre todos os envolvidos.

Além da proteção das pessoas, investir em segurança impacta diretamente na qualidade da entrega. Um ambiente de trabalho adequado, com ferramentas corretas, condições físicas apropriadas e uso efetivo de EPIs, aumenta a eficiência e reduz retrabalhos. Na construção civil, cada erro ou acidente pode custar muito caro.

A experiência mostra que empresas que colocam a segurança e o cuidado com as pessoas como pilares estratégicos conseguem transformar isso em diferencial competitivo. Elas não apenas protegem colaboradores e parceiros, mas também entregam projetos com maior qualidade e confiabilidade, consolidando sua reputação no mercado.

A gestão de segurança centrada em pessoas, processos, tecnologia e uso rigoroso de EPIs representa um passo decisivo para o setor. É uma abordagem que vai além de cumprir normas: trata-se de preservar vidas, otimizar recursos e criar um padrão de excelência que ainda é raro na construção civil.

*Por Eduardo Sanches, CHRO; e Fernando Ervedeira,  Chief Engineer; Ambos  da We Are Group, nova construtora que atende principalmente segmentos como varejo, escritórios e corporativo. Mais informações em www.wearegroup.com.br