Será que as pesquisas de clima retratam as diversas gerações no ambiente de trabalho?

No cenário atual, as empresas enfrentam o desafio de gerenciar uma força de trabalho diversificada, composta por diferentes gerações, como a X, Y, Z e os Millennials. A convivência dessas pessoas traz à tona a necessidade de compreender suas expectativas, o que torna as pesquisas de clima organizacional ainda mais fundamentais. No entanto, surge a questão: essas pesquisas realmente conseguem capturar as nuances das aspirações e valores das gerações atuais?

Segundo um levantamento realizado pela USP esse ano, a resposta clara é não. Mais de 1 mil profissionais das gerações X, Y, Z e Millennials foram ouvidos e os resultados deixam claro a não retratação das necessidades e expectativas desses profissionais. 

Os especialistas da Universidade chegaram à conclusão de que as gerações X, Y, Z e Millennials têm valores e prioridades diferentes das anteriores. Elas são mais exigentes em relação ao ambiente de trabalho, valorizando a flexibilidade, a autonomia e o propósito. 

E a grande questão é que as pesquisas tradicionais de clima organizacional não levam em conta essas diferenças. Dessa maneira, a USP identificou alguns pontos importantes que não correspondem mais à realidade:

  • Foco em fatores tradicionais: as pesquisas tradicionais se concentram em fatores como salário, benefícios e segurança no emprego. Essas são prioridades importantes para as gerações anteriores, mas não são tão relevantes para as gerações mais jovens.
  • Falta de flexibilidade: as medições mais comuns são geralmente realizadas em um formato fixo, com perguntas e respostas pré-definidas. Isso limita a capacidade de captar as necessidades e expectativas das gerações mais jovens, que valorizam a flexibilidade e a autonomia.
  • Falta de foco no propósito: elas não costumam abordar o propósito do trabalho. Essa é uma questão importante para as gerações mais jovens, que querem trabalhar por algo que consideram significativo.

No entanto, vale ressaltar que as realidades nas cidades menores, em comparação com as grandes metrópoles, apresentam diferenças significativas. Jovens em áreas menos urbanizadas podem priorizar a qualidade de vida, mas devido à escassez de oportunidades, tendem a permanecer mais tempo em um único emprego.

As empresas precisam adaptar suas pesquisas de clima organizacional para compreender às necessidades das gerações mais jovens. Isso é essencial para garantir a satisfação dos funcionários e o sucesso da empresa.

O Gartner, que também estudou esse assunto, tem algumas recomendações para adaptar as pesquisas de clima organizacional às necessidades das gerações X, Y, Z e Millennials:

  • Incluir perguntas sobre fatores que são importantes para as gerações mais jovens, como propósito, flexibilidade, autonomia e diversidade.
  • Utilizar um formato de pesquisa mais flexível, que permita aos funcionários expressar suas opiniões e sugestões de forma livre.
  • Garantir que a pesquisa seja realizada de forma confidencial, para que os funcionários se sintam à vontade para responder com sinceridade.

Ao adaptar suas pesquisas de clima organizacional, as empresas podem garantir que estejam recebendo feedback valioso sobre as necessidades e expectativas dos colaboradores. Isso é essencial para criar um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo para todos.

Você já tinha parado para pensar nessa questão?

*João Roncati é diretor da People + Strategy, consultoria de estratégia, planejamento e desenvolvimento humano. Mais informações no site http://www.peoplestrategy.com.br/