Os realities culinários e as novas tendências da gastronomia*

Um milhão seiscentos e sessenta e sete mil foi o número de tweets que a tela do “MasterChef Brasil” contabilizou assim que o último episódio do programa chegou ao fim, pouco depois da uma da manhã. O reality culinário se mostrou um fenômeno de mídia sem igual, com milhões de comentários nas redes sociais, memes compartilhados e notícias na imprensa. E é exatamente esse poder da influência social e digital que nos levanta uma nova questão: a necessidade das marcas e empresas adaptarem a publicidade ao que realmente atinge hoje as pessoas. Os métodos precisam ser reinventados constantemente para conquistar os clientes.

O sucesso que os programas estrangeiros como o norte-americano Chopped, os britânicos Hell´s Kitchen, Top Chef e Cake Boss fazem há alguns anos, traz com força para o nosso País essa influência. O programa da BAND contribuiu para consolidar os realities de gastronomia como uma forte tendência no Brasil. O SBT também já tem dois, a Globo um e o GNT estreou há pouco tempo o “Que seja doce”. A verdade é que a televisão está cheia de programas de culinária e gastronomia dos mais variados tipos. Desde os que ensinam receitas, até os reality shows competitivos, aos que mostram novas tendências gastronômicas. Já ficou evidente que esse novo cenário é um ótimo outdoor para as propagandas de diversas marcas. Aquela tradição de publicar anúncios em grandes revistas e jornais está, cada dia mais, dando lugar à publicidade menos incisiva, em programas que estão em alta.

Toda essa visibilidade para a indústria alimentícia não é à toa. Muito se fala, discute e estuda sobre alimentação e tendências gastronômicas. Se antes os fast-foods como o Mc Donald´s eram os escolhidos como melhor opção para aquela refeição rápida e gostosa, hoje as pessoas estão, cada vez mais, adotando outros tipos de hábitos alimentares e tentando resgatar as formas de consumo mais naturais e saudáveis em busca de maior qualidade de vida.

Essa mudança de hábito fez com que o mercado de bares, restaurantes, lanchonetes e padarias adaptassem suas refeições para esse novo perfil. Não apenas nesse segmento, empresas de todos os tipos também precisam alinhar os processos de marketing e publicidade com consumidores mais exigentes em relação à qualidade do produto que consomem e ao envolvimento sustentável que a marca tem.
Um estudo realizado recentemente, o Brasil Foods Trends – 2020 revelou que a demanda por alimentos mais saudáveis é uma das maiores tendências para os próximos 10 anos. Os estabelecimentos que não acompanharem essas mudanças estarão fora do mercado em poucos anos. E mais do que isso, a disseminação do gourmet e dos pratos lindos e mirabolantes feitos em programas como o MasterChef fazem com que o consumidor queira ainda mais: receitas inovadoras, opções diferenciadas, estética na comida e praticidade e bons preços. Como fazer tudo isso?

Entramos agora em uma outra tendência, influenciada por toda essa mudança no perfil dos consumidores e essa “gourmetização” dos alimentos tão assistida nos programas gastronômicos. Uma dica: Sabemos que comida de rua não é nenhuma novidade. Porém, uma reinvenção desse conceito se tornou uma febre em diversos locais no mundo e, mais recentemente, no Brasil também.

É isso mesmo. O food truck é a nova tendência do mercado gastronômico. Com inovação na forma de vender e também nos pratos, os empreendedores e chefes de cozinha encontraram nesse negócio a oportunidade de ter o seu próprio empreendimento com um custo mais baixo, além de poder inovar nos pratos. A proposta dos restaurantes é justamente levar opções de comida gourmet para as ruas, lanches rápidos, mas não industrializados e pouco saudáveis como os fast-foods tradicionais conhecidos e ainda, com valores acessíveis.

Para se ter uma ideia, por causa do crescimento dessa demanda, uma oficina de São Paulo que transforma veículos normais em food trucks, teve um aumento de 150% em suas encomendas neste ano, com um faturamento em média de R$ 150 mil por mês. Sucesso em todo o mundo, as comidas vendidas pelos food trucks já até viraram programa de TV. No Brasil, o programa da GNT, Food Truck: A Batalha estreou há pouco tempo e já é recorde de audiência.

*Gustavo Ernandes – CEO da Settiges DPP – agência brasileira que pensa 360º (www.settiges.com.br)

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