NFTs criam novas oportunidades de negócios digitais

Os NFTs (tokens não fungíveis) estão causando um enorme impacto no mundo dos negócios. Inclusive, eu não vejo um entusiasmo tão grande relacionado a uma inovação desde o boom das mídias sociais.

A essência dos NFTs é que eles são ativos blockchain não fungíveis. Quando se troca um Bitcoin por outro, está essencialmente retendo o mesmo ativo, exatamente como se faria se transacionar uma nota de real por outra. Como esses ativos são fungíveis, podem ser negociados um a um sem perder valor ou alterar a sua natureza.

Os NFTs são únicos e codificados em uma blockchain e, portanto, não podem ser modificados ou replicados. Autores de obras de arte ou outros documentos digitais cunham NFTs, que se tornam a única versão verificável da obra, com todas as outras cópias sendo apenas isso: cópias.

Embora a arte da NFT esteja sendo vendida por uma fortuna – o artista “Beeple” vendeu uma peça na casa de leilões Christie’s por US$ 69,3 milhões – é possível empreender de outras maneiras usando NFTs.

E quem não quer participar de um mercado que deve faturar, apenas em 2022, US$ 35 bilhões e mais de US$ 80 bilhões em 2025, segundo a CoinDesk?

Os times de futebol brasileiros, por exemplo, já descobriram esse nicho. A Socios.com, uma das principais empresas do segmento de NFTs voltados aos chamados ‘fan tokens’, firmou uma parceria com o clube Atlético Mineiro, lançando o $GALO, fan token oficial do campeão brasileiro de 2021. Quem o adquiriu pode palpitar em algumas decisões do clube e ainda participar de sorteios.

A versão nascente de NFTs e seu ecossistema, como também a infraestrutura digital, os processos de negócios e a governança que suportam as trocas ainda precisam evoluir. E é nesse mercado que as oportunidades estão: os NFTs não são apenas mais um ativo especulativo.

Eles oferecem uma oportunidade para líderes de negócios digitais, pois permitem que as organizações criem novos modelos de negócios, ampliem o valor de produtos e serviços existentes e entrem em novos mercados. Também fornecem uma maneira alternativa de investir e financiar projetos, bem como oportunidades de negociação e investimento.

O valor real dos NFTs para os negócios é que essa tecnologia permite a criação de um ativo único. Esse fato permite que sua empresa forneça uma experiência para o cliente e ofertas únicas ao público. A versatilidade dos NFTs permite criar literalmente qualquer coisa que se possa imaginar.

Música, imagens, vídeos, imóveis digitais, mundos virtuais e muitas outras coisas que podem ser entregues ao público. Os NFTs se tornaram uma ferramenta totalmente nova para criar propostas de vendas exclusivas, aumentar o envolvimento do cliente e desenvolver narrativas.

A tokenização de eventos esportivos ou ingressos para shows pode ter um impacto positivo em um nicho como o de eventos, por exemplo. Os ingressos verificados por um NFT não podem ser revendidos, o que significa que cambistas deixarão de comprar todos os ingressos on-line para vendê-los muito mais caro.

A banda Kings of Leon emitiu, no ano passado, NFTs com acesso a arquivos digitais contendo um novo álbum. Alguns desses NFTs incluíam um código que garantia aos compradores dos direitos NFT a assentos na primeira fila em futuros shows.

Outro mercado onde o NFT pode ser útil é o imobiliário. Hoje, esse nicho está repleto de burocracia e diversos intermediários que vão de corretores de imóveis a advogados. Uma transição para contratos inteligentes pode resolver os problemas. Todo o histórico de direitos e propriedade pode ser armazenado no blockchain para simplificar os processos de vendas.

A lista de casos de uso é interminável. O modelo de negócios NFT é bastante novo e requer algum tempo para ganhar forma e atrair novas ideias. Vale a pena parar para pensar, estudar o mercado e criar oportunidades incríveis de novos negócios!

*Henrique Volpi, sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.