O equilíbrio entre aceleração tecnológica e as limitações humanas

Vivemos em uma era de avanços tecnológicos vertiginosos, onde a informação e o conhecimento fluem em uma velocidade sem precedentes. A rápida adoção de aplicativos que conquistam milhões de usuários rapidamente, como o Threads da Meta, ilustra a intensa aceleração do mundo digital.

A nova rede social de Mark Zuckerberg chegou à incrível marca de 100 milhões de usuários em apenas cinco dias! Somente como efeito de comparação, o TikTok levou nove meses, o Instagram dois anos e meio e o Facebook mais de quatro anos, segundo dados da PwC e do Yahoo!.

Essas pesquisas indicam que essa celeridade é uma realidade inegável, refletindo a disseminação veloz de conhecimento e a adesão das pessoas às novas tecnologias em conjunto com a síndrome FOMO (fear of missing out, que traduzida para o português significa “medo de ficar de fora”).

Caracterizada pela necessidade constante que uma pessoa tem de estar informada a todo momento e não querer ficar de fora do que acontece no mundo lá fora, pode gerar até medo e ansiedade quando, por algum momento, uma pessoa imagina perder algum acontecimento importante.

No entanto, por trás desse comportamento, existe um dilema intrigante: como conciliar a crescente demanda por aprendizado acelerado com as limitações inerentes à natureza humana?

Assim como os aplicativos que buscam conquistar usuários em um piscar de olhos, as empresas enfrentam a pressão de capacitar seus colaboradores com rapidez para se manterem competitivas em um ambiente de negócios em constante transformação. Métodos como o microlearning e o uso de inteligência artificial (IA), incluindo aplicativos populares como o WhatsApp, emergem como soluções para acelerar o processo de aprendizagem.

Mas, apesar dos avanços tecnológicos e das metodologias inovadoras, é fundamental reconhecer as limitações inerentes ao aprendizado humano. Certos conhecimentos, especialmente aqueles que demandam profundidade e estruturação, não podem ser assimilados rapidamente.

Tome, por exemplo, o curso de odontologia, que hoje requer anos de estudo intensivo. Embora tecnologias e ferramentas auxiliem, há um limite para a velocidade com que se pode absorver um grande número de informações complexas.

Para encontrar um equilíbrio, a especialização e a segmentação do conhecimento se tornam fundamentais. Ao dividir o aprendizado em partes mais gerenciáveis e especializar-se em áreas específicas, podemos otimizar a aprendizagem. Isso permite que profissionais, como o dentista, se concentrem em aspectos específicos de sua profissão – como a ortodontia, por exemplo – e alcancem maior profundidade em menos tempo, aprofundando o aprendizado de forma mais eficaz.

E a tecnologia desempenha um papel fundamental nesse processo. Ferramentas como o ChatGPT e um chatbot de WhatsApp podem fornecer informações específicas e imediatas, facilitando a absorção rápida de conhecimento.

É importante reconhecer que, embora a tecnologia seja uma aliada poderosa, não é uma solução universal para todos os desafios de aprendizado. Mas a inclusão de pílulas de conhecimento imediato pode facilitar o acesso a informações essenciais de maneira ágil.

A busca por um equilíbrio entre a aceleração tecnológica e as limitações humanas é a chave para o sucesso. É nosso desafio encontrar maneiras de capacitar as pessoas de forma eficaz, aproveitando a tecnologia como aliada, mas sempre respeitando os ritmos naturais de aprendizado. Nesse equilíbrio, encontraremos o caminho para um futuro mais promissor e harmonioso.

*Luiz Alexandre Castanha, administrador de empresas com especialização em gestão de conhecimento e storytelling aplicado à educação, coautor do livro “Olhares para os Sistemas” e é CEO da NextGen Learning.