Metaverso: a nova fronteira do ensino

Em uma entrevista recente, o fundador do Facebook Mark Zuckerberg anunciou que, nos próximos cinco anos, a empresa fará a transição de uma companhia de mídia social para uma empresa “metaversa”. E, embora o termo não seja novo, ele agora teve um novo surto de popularidade.

Mas, afinal, o que é esse tal de Metaverso? Pesquise no Google o termo e você encontrará várias definições. A definição da Wikipedia, que deriva do trabalho do veterano do metaverso William Burns III, define-o como um espaço virtual compartilhado coletivo, criado pela convergência de realidade física virtualmente aprimorada e espaço virtual fisicamente persistente, incluindo a soma de todos os mundos virtuais, realidade aumentada e a Internet.

Embora conceituar o termo não seja fácil, uma coisa provavelmente é verdade. O termo não será definido por uma única pessoa ou empresa, mas sim por várias fontes e irá evoluir. Até porque a linguagem que usamos para descrever o futuro hoje está em constante mudança.

Na prática, Metaverso trata-se de envolver-se em espaços virtuais compartilhados, manifestados como ambientes 3D ou de realidade virtual imersiva. É importante notar que um aspecto fundamental é que há uma ênfase na participação ativa nas experiências, o que o torna perfeito para ser utilizado nos processos de aprendizagem.

É importante notar que sempre que uma disciplina entra em uma nova era, ela sempre começa copiando comportamentos do meio anterior. Então, quando a indústria cinematográfica surgiu no final do século 19, os primeiros filmes copiaram o formato de peças de teatro, até que os diretores descobriram a montagem.

No início da web, todo mundo criava ‘páginas’ seguindo o padrão das páginas impressas, até que descobrimos que a web pode ser dinâmica. Os novos meios sempre começam seguindo práticas comuns e modelos convencionais.

A educação tem ricas práticas tradicionais de salas de aula, estruturas curriculares comuns, sistemas de notas, certificações, etc. Mas isso nem sempre se traduz em espaços virtuais. Isso foi facilmente evidenciado no ano passado, quando o formato da sala de aula foi movido para plataformas digitais e os professores rapidamente se esforçaram para redefinir a aparência de uma sala de aula em uma tela digital.

Portanto, é provável que os primeiros espaços virtuais imersivos para educação sejam no contexto das atividades teóricas com simulações 3D. A participação nas aulas pode ser orientada para a atividade e aprimorada com a gamificação.

Uma das primeiras experiências do mundo tem sido conduzida na Coréia do Sul. Cerca de 2,1 mil alunos do ensino fundamental e médio já podem participar de várias atividades científicas em uma sala de exibição de ciências virtual chamada “Gather Town”.

Os alunos são capazes de melhorar suas habilidades de aprendizado explorando um mundo virtual interativo com seus avatares usando o navegador Chrome do Google. São oferecidas aulas de música, observações de objetos astronômicos e aulas de arte baseadas em inteligência artificial.

Em uma época em que o sistema educacional tradicional está sob fogo por estar desconectado da realidade, os educadores cada vez mais veem o mundo virtual como uma ferramenta que pode ajudar os professores a conectar os alunos ao mundo real. E a tecnologia do Metaverso entra em cena como uma nova fronteira da educação.

Parte desse fascínio vem das várias possibilidades da plataforma: ela dá aos alunos a capacidade de jogar, praticar, fingir, ser criativo, artístico e fazer coisas que eles não fazem, não podem ou ainda não podem fazer na vida real.

E os mundos virtuais vão além do aprendizado autêntico. É preciso vê-los dentro de um ecossistema onde também fazem parte as tecnologias de mídia social e web. Juntos o potencial é gigantesco, permitindo diversos estilos de aprendizagem, com muitas oportunidades de informação e contato direto com profissionais do mundo real.

O Metaverso, como a internet em geral, está mudando a maneira como acessamos e experimentamos as informações e a maneira como podemos acessar e nos conectar uns com os outros. Atualmente, poucos gestores educacionais investem de verdade na exploração de mundos virtuais.

Mas isso precisa mudar com urgência. Nos próximos três a cinco anos, uma instituição de ensino sem presença no mundo virtual será como uma instituição sem presença na web hoje.

*Luiz Alexandre Castanha é administrador de Empresas com especialização em Gestão de Conhecimento e Storytelling aplicado à Educação, atua em cargos executivos na área de Educação há mais de 10 anos e é especialista em Gestão de Conhecimento e Tecnologias Educacionais. Mais informações em seu blog