A economia brasileira passa por um momento extremamente conturbado. 2017 vem sendo apontado como um ano de recuperação de crise, mas todas as denúncias vindas com a “Operação Carne Fraca” acabaram diminuindo os ânimos e afetando drasticamente a economia do nosso país. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo. Só no ano passado, foram mais de 15 milhões de toneladas exportadas, responsáveis por 16% da receita externa do agronegócio. Interferir num mercado que gerou quase 14 bilhões de dólares em apenas um ano afeta a economia como um todo, pois todos os setores estão interligados e, quando a indústria e a exportação vão mal, alteram também comércio e serviços. Nas cidades que têm os frigoríficos como base da sua economia já é possível ver claramente esses reflexos.
Precisamos da ajuda dos governantes para reerguermos o país. Para acelerar nossa economia (que em 2016 passou pelo seu pior período desde o boom de 2010) acredito ser fundamental termos inovações que ofereçam mais facilidade para o nosso modo de consumir e viver em sociedade.
Os pagamentos móveis, por exemplo, já são uma realidade. Temos diversas empresas, grandes e pequenas, desenvolvendo mecanismos para que dinheiro e cartão de crédito tornem-se coisa do passado. O consumidor vai até um bar ou restaurante e recebe uma comanda eletrônica, que pode ser visualizada no seu celular. Ele controla por ali os gastos e, na hora de pagar, desconta automaticamente da sua conta através deste aplicativo. Tudo rápido, simples e fácil. O método é bom para os dois lados: gera praticidade para o cliente, que pode abandonar sua carteira tradicional, e para o comércio, que pode economizar com as taxas do cartão de crédito além de ter menos tempo do seu funcionário tomado pelo momento do “fechar” e calcular a conta.
Essa é uma dessas inovações que estão prestes a fazer parte do dia a dia das pessoas e pode ser mais uma ferramenta que ajude a combater a sonegação de impostos. Já estar preparado para receber essa nova tecnologia pode evitar o que aconteceu durante anos com a Internet e os crimes virtuais, que por muito tempo foram julgados como crimes comuns e dependiam da interpretação de cada juiz. Não vou entrar em detalhes, mas tivemos um longo caminho entre os primeiros crimes virtuais brasileiros e a criação de uma regulamentação que realmente se aproximasse da realidade vivida por quem pratica e sofre com esses crimes. E essa é apenas uma amostra de como a conduta inadequada de alguns interfere na vida dos muitos que agem corretamente, trazendo prejuízos sociais e econômicos para todos. Podemos colocar os investigados da “Operação Carne Fraca” nessa mesma categoria, já que nosso país está sofrendo sanções dos seus principais compradores devido a práticas altamente questionáveis de determinadas empresas. Por causa de alguns, muitos acabam sofrendo.
Acredito que o governo, em parceria com a sociedade, tenha o poder de mudar este cenário. Como já disse, acredito realmente no poder da inovação para salvar nossa economia. E a tecnologia é o carro-chefe. Um caminho que considero interessante é investir em tecnologias que ajudem os pequenos comerciantes, responsáveis por 52% dos empregos com carteira assinada e 27% do nosso PIB. As pequenas empresas têm o poder de fazer cada região crescer de forma independente, sem precisar de um grande setor como base. O setor de serviços sempre apresenta um bom crescimento no nosso país e envolver tecnologias como o uso da carteira virtual, por exemplo, pode ajudar esse setor a se fortalecer ainda mais. As pequenas empresas movem a nossa economia e a inovação é capaz de melhorar o atual cenário. Mas para isso, precisamos de boas ações do governo.
Recentemente tive a oportunidade de participar do MWC, o Mobile World Congress, maior feira de tecnologia mobile do mundo, que reuniu as principais marcas do setor em Barcelona. Para conseguir apresentar nosso trabalho em meio a tantos gigantes, pude contar com a ajuda da Softex – Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. Vejo essa como uma ação de confiança por parte do governo, uma ação de investimento no futuro e incentivo para um trabalho de inovação bem feito. Acredito que este é o caminho para retomarmos o controle de nossa economia e oferecermos opções, dividindo a responsabilidade do nosso crescimento econômico entre setores já tradicionais e outros que ainda estão começando a se estabelecer.
*Por Marcos Abellón, diretor geral da W5 Solutions, empresa brasileira que desenvolve soluções para Educação, ferramenta de BI e aplicativo para pagamento móvel.