Como costumo dizer, as pessoas são as empresas e as empresas são as pessoas, em todos os segmentos sejam eles quais forem.
No mundo do trabalho tudo se resume as relações humanas por isso a importância de saber lidar com elas.
Entretanto, quando estamos diante de profissões muito técnicas; e temos várias, o prazer de lidar com aquilo que conhecemos, somos especialistas (experts), cria armadilhas incluindo acharmos que conhecemos e dominamos tudo, deixando de ouvir e conhecer outras perspectivas e visões; o que propicia a reflexão sobre a grande importância de estarmos abertos para outras trocas, aprendizados, permitindo a construção de várias coisas com outras mãos, não somente as nossas.
Referida permissão para uma co criação em conjunto, gera muita riqueza e possibilidades nos processos e projetos em geral.
Além dos aspectos técnicos operacionais, as suas atualizações permanentes etc é importante saber olhar para outros cenários, incluindo o mergulho para dentro de si bem como se permitir aprendizados com todos aqueles que nos cercam e conosco trocam sejam eles clientes, fornecedores, parceiros, liderados, líderes etc.
Quando falamos de liderança, dada a necessidade implícita desta função de lidar com outras pessoas, importante compreender que além do técnico dever-se-á incluir a gestão no dia a dia, saber lidar, inclusive emocionalmente, com pessoas; e para isso acontecer é mandatório que o individuo que ocupe esta posição tenha o foco no seu próprio autoconhecimento e desenvolvimento. Somente conhecendo bem a si mesmo, evoluindo, uma pessoa pode ter um olhar melhor para o outro, inclusive para apoiá-lo e desenvolvê-lo.
A maturidade emocional também inclui a capacidade de se ter uma avaliação de suas próprias ações e as consequências decorrentes, responsabilizando-se.
Relevante o profissional buscar o autoconhecimento para ver o que pode aprender a mais, se desenvolver bem como estar firme e com clareza sobre as potencialidades que já possui, tudo isso contribui para criar potência aos objetivos a serem perseguidos e trazer leveza para si próprio e para os que com essa pessoa interagem.
Pessoas com inúmeros problemas não resolvidos, traumas graves estão gerindo outras pessoas, sem procurar se trabalhar e fazendo da vida de outros um verdadeiro inferno. Quantos já viram pessoas do mercado, referindo-se aos seus líderes como demônios, loucos, psicopatas, pessoas sem caráter etc.
Verificando o movimento, que se acredita não ter volta, qual seja o da humanização das organizações, devemos nos questionar, será que os profissionais estão preparados para além de olharem o retorno financeiro de suas empresas, olharem também para as pessoas de uma maneira mais humanizada e diferente do que vem ocorrendo?
Por que se diz do que vem ocorrendo? Porque sabemos do alto índice de profissionais com transtornos de ansiedade, depressão, pânico, burnout e até cometimento de suicídio. Muitos ambientes são um verdadeiro barril de pólvora, com práticas de não compliance, muita exigência, pouca compaixão e compreensão.
Precisa-se urgentemente de lideranças fazendo a diferença em todos os setores, em que essas pessoas como tais, além de ganhar dinheiro por meio da prestação de um bom serviço, impactem o seu entorno de maneira saudável e positiva.
Os segmentos técnicos são áreas que muito geralmente tem foco em atender uma necessidade, dar uma solução ou criar algo, deveriam buscar compreender os seus stakeholders. Compreender que porque são muito bons no que fazem não significa dizer que sejam o centro do mundo, precisam aprender a se comunicar melhor, relacionar-se melhor e ajustar suas tomadas de decisão ouvindo opiniões diferentes tendo uma visão estratégica.
Concluo este texto com um trecho do livro Empresas Humanizadas, que dispõe sobre aquele movimento que mencionei não ter volta, ficando aqui a dica para mais uma boa reflexão relacionada ao aspecto de que ter ganhos /lucros é preciso, porém com mesma importância é a necessidade de olhar para si, para as pessoas, que em verdade, fazem tudo acontecer, sem elas, nada é possível.
“Acreditamos que o negócio é bom, porque ele cria valor; é ético, porque se baseia na troca voluntária; é nobre, porque pode elevar a existência; e é heroico, porque tira as pessoas da pobreza e cria prosperidade. Muito do bem está sendo feito atualmente “inconscientemente” simplesmente criando produtos e serviços que as pessoas valorizam, criando postos de trabalho e gerando lucros. No entanto, o negócio também pode ser feito muito mais conscientemente, com um propósito mais elevado e criação de valor ótimo para todos os stakeholders, enquanto cria culturas que aprimoram o desenvolvimento humano. Conforme as pessoas, especialmente líderes, tornam-se mais conscientes, somos capazes de criar tipos de empresas empreendedora que ajudarão a resolver nossos problemas mais graves e elevarão a humanidade para satisfazer nosso potencial ilimitado como espécie”.
Para aqueles que já estão se direcionando para o autoconhecimento ou para aqueles que ainda não estão, porém, começaram a sentir necessidade de olhar mais para si e seu entorno, digo com toda a segurança: vocês se darão um dos maiores presentes que poderiam se dar na vida!
O meu depoimento pessoal é que, desde que mergulhei no meu autoconhecimento, vivo com maior alinhamento com o que hoje sou e acredito, meus valores, necessidades, em contato com pessoas que realmente me agregam e me fazem muito bem, de maneira a me propiciar uma vida muito mais leve, feliz e com um sentido que me nutre e traz o que preciso.
Você tem consciência sobre quais são os seus principais valores? O que realmente faz com que seus olhos brilhem, o que realmente te energiza?
E sobre suas necessidades? Necessidade é tudo aquilo que ainda lhe falta, ou seja, o que você ainda precisa sentir e/ou se nutrir.
Você já construiu e conhece sua missão de vida e ou profissional? Você sabia que quanto mais próximo(a) estiver dessa missão, você estará mais feliz e realizado(a)? E, ao contrário, quanto mais distante estiver dessa missão, mais infeliz e triste estará?
E suas âncoras de carreira? O que lhe motiva a sair da cama, a se arrumar, a pegar suas coisas e sair para uma atividade profissional? Você conhece essas motivações?
Já pensou se como você se enxerga tem eco na forma como as pessoas te percebem? Que essa interface pode ser bastante rica para você aprender um pouco mais sobre si?
Que todos que leram esse texto despertem mais e mais para o autoconhecimento e desenvolvimento.
* por Viviane Gago, advogada e consteladora pelo Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ/USP) com parceria do Instituto Evoluir e ProSer e facilitadora pela Viviane Gago Desenvolvimento Humano. Mais informações no site: www.vivianegago.com